Argélia Propõe Empresa Mista e Central de 40 MW em Moçambique
Durante a sua visita oficial a Maputo, o ministro argelino da Energia e Energias Renováveis, Mourad Adjal, anunciou dois projectos concretos de investimento: a criação de uma empresa conjunta para o fabrico de equipamentos eléctricos e a construção de uma central térmica com capacidade instalada de 40,2 megawatts.
As propostas foram apresentadas ao Presidente da República, Daniel Chapo, e enquadram-se na agenda de aceleração dos entendimentos bilaterais alcançados durante a visita do Chefe de Estado moçambicano a Argel, em Setembro.
“Estas iniciativas demonstram a nossa determinação em concretizar esta cooperação no terreno com a maior brevidade possível, privilegiando sectores estratégicos capazes de gerar impacto económico imediato e duradouro”, afirmou Adjal.
O ministro sublinhou que equipas moçambicanas serão acolhidas na Argélia para programas de formação técnica e transferência de conhecimento, abrangendo toda a cadeia de valor do sector energético, da exploração à gestão industrial.
Pale: Cooperação com a Argélia Acelerará Industrialização Energética
O Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Estêvão Pale, destacou que o reforço da parceria com a Argélia “poderá acelerar a industrialização baseada no gás natural e consolidar a segurança energética nacional”.
Segundo o governante, existem blocos em negociação com empresas argelinas que poderão assegurar o aumento e a continuidade da produção de gás natural, permitindo que o país avance na valorização doméstica dos seus recursos.
“A Argélia possui uma experiência relevante em toda a cadeia energética — da prospecção à industrialização. É esse modelo que procuramos compreender e adaptar ao contexto moçambicano”, referiu Pale.
Sector Privado Moçambicano Quer Replicar Modelo Argelino de Diversificação
Do lado do sector privado, o vice-presidente da CTA, Onório Manuel, defendeu a importância de absorver a experiência argelina em diversificação económica, que permitiu reduzir a dependência da indústria extractiva e expandir o papel da indústria transformadora e da agricultura comercial.
“Moçambique está a entrar numa fase de exploração de recursos naturais. É essencial aprender com quem já percorreu esse caminho, replicando boas práticas e evitando erros do passado”, observou Onório Manuel.
O dirigente sublinhou que o exemplo argelino demonstra que a industrialização e a logística são factores determinantes para converter recursos naturais em valor económico sustentável e exportável.
Maputo e Argel Criam Mecanismo de Cooperação Técnica e Empresarial
Os dois governos acordaram criar mecanismos regulares de diálogo técnico e empresarial que assegurem a continuidade da cooperação e o acompanhamento da execução dos projectos.
As áreas prioritárias incluem produção, transporte e distribuição de energia eléctrica, energias renováveis, formação de quadros técnicos e desenvolvimento de infra-estruturas industriais associadas ao sector energético.
“Há grande ambição em redinamizar esta parceria, e trabalharemos para acelerar este processo com resultados concretos e sustentáveis”, afirmou Mourad Adjal.
Diplomacia Económica e Integração Energética Africana
O Presidente Daniel Chapo destacou que Moçambique oferece condições geoestratégicas e recursos naturais de elevado potencial que o tornam uma porta de entrada para a África Austral e para o Oceano Índico, reforçando a sua relevância na integração energética continental.
“O nosso país representa uma porta de entrada para a África Austral e para o Oceano Índico. As nossas potencialidades naturais e geoestratégicas oferecem amplas oportunidades de cooperação e investimento”, afirmou Chapo.
Esta visão insere-se numa estratégia mais ampla de diplomacia económica activa, que posiciona Moçambique como parceiro africano preferencial em sectores estruturantes como energia, indústria e infra-estruturas.
Moçambique e Argélia Apostam em Cooperação de Valor Económico e Transferência Industrial
A cooperação Moçambique-Argélia inaugura uma fase de parcerias económicas com impacto produtivo, ancoradas na transferência tecnológica, na formação técnica e na industrialização com base em recursos energéticos.
O modelo argelino de co-produção e fortalecimento da capacidade industrial nacional serve de referência para Moçambique, que procura transformar os seus recursos naturais em activos de crescimento e exportação.
Ao traduzir compromissos políticos em projectos industriais concretos, Moçambique dá um passo firme na sua estratégia de industrialização energética e no reposicionamento como actor relevante na integração económica africana.
Fonte: O Económico