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Num momento de crescente convergência entre Moçambique e o Japão, o Fórum Económico realizado no dia dedicado a Moçambique na Expo Osaka 2025 evidenciou o potencial da cooperação bilateral para impulsionar investimentos estruturantes. Com as trocas comerciais entre os dois países a ultrapassarem os 300 milhões de dólares em 2023, a Primeira-Ministra Benvinda Levi destacou a ambição de transformar desafios em oportunidades, promovendo uma parceria ancorada no desenvolvimento sustentável e na inovação tecnológica.
Desenvolvimento
Relação Diplomática com Peso Económico
Com 48 anos de relações diplomáticas, Moçambique e Japão celebraram na Expo Osaka 2025 o fortalecimento de uma parceria que se tem revelado determinante para o progresso de sectores estratégicos em Moçambique. A presença da Primeira-Ministra Benvinda Levi em Osaka, à frente de uma delegação governamental e empresarial, simbolizou o compromisso moçambicano em aprofundar os laços económicos, técnicos e culturais com o Japão — uma das maiores potências industriais do mundo.
Durante o seu discurso no Fórum Económico Moçambique-Japão, Levi apontou que a cooperação bilateral se alicerça numa visão partilhada de crescimento inclusivo, ancorada nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “O Japão tem sido um parceiro estratégico em áreas sociais como saúde e educação, mas também em sectores económicos estruturantes, como infra-estruturas, energia, agricultura e indústria”, destacou.
Exportações em Alta e Nova Geografia Comercial
Dados apresentados no evento pelo Presidente da CTA, Álvaro Massinga, revelaram que as trocas comerciais entre empresas moçambicanas e japonesas ultrapassaram, em 2023, os 300 milhões de dólares norte-americanos. Esse valor foi impulsionado pela exportação de recursos primários como carvão, gás natural, alumínio e produtos do mar, ao passo que Moçambique importa do Japão tecnologia, equipamentos industriais e bens de inovação.
Massinga destacou ainda que as exportações moçambicanas para o Japão cresceram, nos últimos anos, a uma média de 12% ao ano, tendência que se espera manter com o reforço das relações económicas. “O comércio com o Japão está a evoluir para investimentos transformadores e projectos com valor acrescentado”, frisou.
Investimento Estruturante e Participação Japonesa em Grandes Projectos
A presença japonesa é notória em projectos de grande vulto em Moçambique. A Primeira-Ministra mencionou, entre outros, a participação na exploração de Gás Natural Liquefeito (GNL) na Área 1 da Bacia do Rovuma, a reabilitação, ampliação e modernização do Porto de Nacala através da Mitsui, e a construção da central termoeléctrica de ciclo combinado de gás natural na cidade de Maputo.
“Estas iniciativas demonstram o interesse do Japão em apostar em investimentos que contribuem para a transformação estrutural da economia moçambicana”, declarou Levi. Ela acrescentou que o Governo vê com optimismo o envolvimento crescente de empresas japonesas em sectores prioritários para a industrialização e modernização do país.
Expo Osaka 2025: Uma Montra para o Futuro
Moçambique participa na Expo 2025 com o lema “Empoderando Vidas”, sublinhando uma abordagem focada na educação, no trabalho e no uso de tecnologias emergentes como a inteligência artificial e a robótica. Esta participação é vista como estratégica para atrair parcerias internacionais que permitam transformar os desafios do desenvolvimento em oportunidades concretas.
Segundo a governante, “a Expo não é apenas uma vitrina, mas uma plataforma de compromissos”, antecipando que poderão ser firmados acordos nas áreas da ciência, tecnologia e inovação. Levi frisou que o país pretende utilizar o evento para mostrar que está pronto para atrair investimentos de longo prazo baseados em confiança, estabilidade e benefícios mútuos.
Capital Humano, Clima e Segurança: Novos Eixos da Cooperação
Na sua intervenção, Levi destacou também três novas frentes da parceria com o Japão: o reforço do capital humano, a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, e o combate ao terrorismo em Cabo Delgado. Estes domínios, disse, exigem não apenas cooperação financeira, mas também técnica e institucional.
O Embaixador do Japão em Moçambique, Hamada Keiji, reafirmou a confiança do seu país no potencial moçambicano. Para Keiji, Moçambique não deve ser visto apenas como fonte de matérias-primas, mas como um mercado promissor e um parceiro estratégico para a indústria japonesa. “O Japão tem interesse em construir cadeias de valor regionais, e Moçambique tem uma localização geoestratégica importante para essa visão”, afirmou.
Próximos Passos e Visita Oficial a Tóquio
Depois de Osaka, Benvinda Levi seguiu para Tóquio, onde manteve encontros com autoridades governamentais, parlamentares e representantes empresariais, com o objectivo de consolidar o interesse japonês em Moçambique e alargar o leque de sectores de cooperação.
Entre os instrumentos que poderão ser activados nos próximos meses, destaca-se o reforço da cooperação técnico-financeira, a mobilização de capital para zonas económicas especiais, e a participação japonesa no Programa Nacional de Industrialização Rural e Promoção de Cadeias de Valor (PRONAI), bem como na Zona Económica Especial da Beira e no Projecto Agro-Industrial da FACIM.
Fonte: O Económico