Moçambique Requer Meios Aéreos para Apoio às Populações Isoladas pelo Ciclone Jude

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As autoridades moçambicanas enfrentam desafios significativos na assistência às populações isoladas após a passagem do ciclone tropical Jude, que atingiu o norte do país. A presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, alertou para a necessidade urgente de meios aéreos para facilitar o levantamento dos danos e garantir o apoio às comunidades mais afectadas.

Desafios na Assistência e Necessidade de Meios Aéreos

Durante uma visita ao Centro de Operação de Emergência de Nampula, Luísa Meque destacou que algumas zonas continuam inacessíveis, impedindo o envio de ajuda humanitária. Entre as áreas mais críticas encontram-se a Ilha de Moçambique e o distrito de Angoche, que permanecem isolados devido ao impacto do ciclone.

“Temos um desafio relacionado com o levantamento dos danos ao nível dos distritos, uma actividade essencial para a assistência às populações sitiadas. Teremos que mobilizar meios aéreos para acelerar esse processo e prestar assistência às famílias”, afirmou a responsável do INGD.

Balanço de Danos e Impacto do Ciclone

Segundo o INGD, o número de vítimas mortais subiu para seis, todas registadas na província de Nampula, onde o ciclone entrou no território moçambicano na madrugada de segunda-feira, 10 de Março. O desastre também deixou 20 feridos e mais de 9.000 pessoas afectadas.

Os danos materiais são avultados, com 1.899 casas destruídas parcial ou totalmente, além da afectação de nove unidades de saúde, quatro casas de culto e um edifício público. O sector da educação também sofreu impacto significativo, com 59 escolas e 181 salas de aula danificadas, afectando 17.401 alunos e 264 professores.

O ciclone Jude atingiu Moçambique através do distrito de Mossuril, em Nampula, com ventos de 140 km/h e rajadas de até 195 km/h. Após entrar no país, perdeu força e foi reclassificado como tempestade tropical severa, podendo oscilar entre tempestade moderada e severa nos dias seguintes, segundo Manuel Francisco, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM).

Resposta do Governo e Ameaça Climática Recorrente

O INGD estima que o ciclone Jude pode ter impacto em até 341.000 pessoas e activou os comités operativos de emergência para coordenar a assistência humanitária. Reuniões com parceiros internacionais estão em curso para mobilizar mais recursos e garantir apoio às populações afectadas.

Moçambique enfrenta eventos climáticos extremos de forma recorrente. Desde Dezembro de 2024, os ciclones Chido e Dikeledi já haviam afectado mais de 736.000 pessoas e causado destruição significativa em Cabo Delgado e Nampula. Entre 2019 e 2023, ciclones e tempestades resultaram em mais de 1.016 mortes e afectaram cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O País é considerado um dos mais vulneráveis às alterações climáticas globais, enfrentando tanto cheias e ciclones tropicais, durante a época chuvosa, como períodos prolongados de seca severa. A necessidade de investimentos em infra-estruturas resilientes e a mobilização rápida de recursos para emergências continuam a ser desafios centrais para a mitigação dos impactos destes fenómenos naturais.

Fonte: O Económico

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