Por: Lurdes Almeida
A multinacional Mozal, especializada na produção e exportação de alumínio, enfrenta uma crise que pode levar ao encerramento das suas actividades até Março de 2026. A falta de consenso nas negociações para renovação do contrato de concessão de energia fornecida pela hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) à empresa pública de electricidade da África do Sul, Eskom, é o principal obstáculo. Essa crise reacendeu o debate sobre a solidez do modelo económico moçambicano, que depende fortemente da exportação de matérias-primas com pouco ou nenhum valor agregado.
A Mozal, responsável por 30% das exportações nacionais e com receitas anuais superiores a 1,1 mil milhões de dólares, gera mais de 4.000 empregos directos e cerca de 33.000 indirectos, sustentando uma rede de mais de 3.000 fornecedores activos, em sua maioria empresas nacionais. Recentemente, anunciou a suspensão de contratos com fornecedores locais devido à perda de competitividade. Graham Kerr, director executivo da South 32, empresa com 63,7% das acções da Mozal, lamentou a falta de condições favoráveis para a produção de alumínio, destacando que a HCB não está em condições de fornecer os 950 megawatts necessários.
A crise da Mozal pode ter consequências graves para a economia moçambicana, incluindo a perda de postos de trabalho, a redução das receitas do Estado e a pressão sobre a balança comercial. É necessária uma resposta coordenada entre o Governo e a Mozal para encontrar soluções que preservem empregos e priorizem os parceiros nacionais.
O momento é oportuno para repensar o futuro da economia moçambicana, diversificando as exportações e fortalecendo as cadeias de produção locais. Se a Mozal fraqueja, o país inteiro sente. O desafio agora é transformar essa crise em ponto de viragem.
