Mulheres: desportistas, mães e as divisões de balneário

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Belinda Bencic com a filha ao colo enquanto posa com o troféu depois de vencer o torneio de ténis WTA Abu Dhabi Open, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, frente a Ashlyn Krueger

‘Para lá da linha’ é uma opinião semanal

«Dez meses após ser mãe, Belinda Bencic regressa aos títulos.» Esta foi uma das notícias do fim de semana, porque uma desportista que regressa ao trabalho depois de ser mãe nunca vai deixar de o ser. A suíça venceu em Abu Dhabi dez meses depois de dar à luz e menos de quatro meses depois do regresso à atividade. 

Temos o caso de Serena Williams em 2017. Um ano depois de sair do circuito – e ganhar o Open da Austrália grávida de dois meses – Williams, 36 anos, voltou à competiçãomenos de quatro meses após dar à luz a filha Alexis.

Ana Cabecinha participou na prova de marcha dos Jogos Olímpicos de Paris – e aí terminou carreira – com o filho de três meses a assistir.

Estas são licenças de maternidade curtas. É evidente que em alta competição há pressão para voltar mais cedo ao trabalho, mas pode acontecer com qualquer trabalhadora: seguramente ainda se pergunta em entrevistas de emprego se ela pretende ser mãe. Mas no desporto ganha uma dimensão mundial. É certo que depois Serena se ‘reformou’ aos 40 anos, algo a que a esmagadora maioria não se pode dar ao luxo, mas o escrutínio ao tempo a que esteve fora ou como ficou o corpo quando voltou, ficou lá.  

E chegamos à cruzada do novo governo americano, liderado por Donald Trump, empenhado em «defender» as mulheres. Vai dar-lhes licenças de maternidade pagas? Proteger o trabalho? Igualdade de salários? Não, vai proibir o acesso de atletas transgénero a competições para mulheres. Anunciou-o com uma plateia quase toda de raparigas brancas e loiras atrás, como se essa fosse a grande ameaça de hoje em dia.

Mais complicado, parece-me, é o caso de mulheres que, no caso do atletismo, por exemplo, foram impedidas de competir devido a excesso de testosterona, como os aconteceu com a indiana Dutee Chand e a sul-africana Caster Semenya, que tiveram de lutar anos na justiça para, sendo mulheres, poderem competir contra mulheres. Concedendo que há aqui algumas zonas cinzentas, reduzir os problemas a balneários só para homens ou para mulheres pode não ser a solução.

Fonte: A Bola

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