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Thursday, October 16, 2025
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Município de Maputo e comerciantes em rota de colisão 

Resumo

Vendedores do Mercado Pulmão de Malhangalene discordam do novo horário de encerramento das atividades comerciais, imposto pela edilidade de Maputo até às 19 horas, alegando que prejudicará os negócios. A Edilidade mantém a decisão, visando garantir ordem, segurança e higiene nos espaços municipais. Comerciantes contestam a medida, alegando que o horário é demasiado cedo para as vendas. O setor das bebidas alcoólicas é dos mais afetados, com os vendedores a apelarem para um horário mais flexível, como as 21 horas, para conseguirem sustentar as suas famílias. O diálogo entre as partes encontra-se estagnado, com os comerciantes a pedirem à Edilidade que recue na decisão.

  • Vendedores do Mercado Pulmão de Malhangalene discordam da postura municipal que obriga o encerramento de todas as actividades comerciais até as 19 horas. Os comerciantes consideram que o horário estabelecido só vai prejudicar os seus negócios. A Edilidade avisa, não vai mudar de ideia. 

Há um braço de ferro instalado entre a edilidade de Maputo e os comerciantes do mercado pulmão de Malhangalene. 

Em causa está a entrada em vigor, desde a última segunda-feira, do novo horário de  encerramento das actividades comerciais, em cumprimento da postura municipal sobre mercados. 

“Nos termos destas disposições, as actividades comerciais devem encerrar até às 19h00, sendo vedada a permanência e a prática de comércio fora do horário autorizado. Esta medida visa garantir a ordem, a segurança e a higiene nos espaços municipais, bem como assegurar o cumprimento das normas que regem a gestão dos mercados da Cidade de Maputo”, le-se no comunicado. 

Inconformados com a medida, os comerciantes contestaram com cânticos e dísticos. 

Na tarde de terça-feira, a edilidade manteve um encontro com os vendedores, mas não houve grandes avanços. 

Felicidade Pedro tem um quiosque no interior do mercado. Conta que, desde o anúncio da medida, o ambiente está tenso no mercado, espantando inclusive os clientes. 

“19 horas já é muito cedo, nós ainda não vendemos nada às 19 horas, já abrimos aqui sete e trinta, até aqui ainda não vendemos nem semente de caixa. Eu vivo também aqui perto do mercado, sou vizinha do mercado, concordo com o barulho e tudo mais, mas 19 horas é exagero. Assim como o barulho, que é o foco, a poluição sonora, a prostituição, nós que vendemos, eu não posso deixar de vender para ir me prostituir, eu não posso deixar de vender para ir tocar música lá fora”, acrescentando que “nós chamamos a atenção daquelas pessoas, eles dizem que estão na viagem pública. Nós quando pedimos socorro, a polícia quando chega, às vezes você percebe que são filhos de chefes, chegam, se abraçam e recuam, vão embora.  declarou a fonte”. 

O meio termo, no seu entender, seria no mínimo encerrar as 21 horas, apesar de reconhecer os problemas que daí podem advir. 

“Nós trabalhamos com dinheiro do banco, então esse horário das 19 horas para nós não  ajuda em nada. Nós apelamos muito ao município para nos deixar trabalhar, para podermos sustentar  as nossas famílias, eu tenho filhos que estudam através daqui”.

O apelo é que a Edilidade recue da decisão.  

O sector das bebidas alcoólicas é que parece ser mais afectado pela medida, conforme explicou Amélia Chichava, uma das vendedeiras e líder do mercado.

“E pedimos ao município um certo horário, eles ficaram de responder, mas ao invés de  responder nos foram buscar uma lei antiga, para uma conjuntura desatualizada, que não  funciona porque 19 horas, ninguém bebe às 10, 19, ninguém sai e deixa seu trabalho para vir beber, ou então este país não vai andar mais”.

O que também não anda é o diálogo entre as partes, segundo a entrevistada.

“Dizer que vou fechar meu irmão, não posso te garantir, não posso mentir, estarei a mentir para mim mesmo, o que nós vamos fazer, vamos continuar a insistir num diálogo aberto  com o município”.

Mas afinal o que querem os vendedores? 

“Durante o meio de semana, de segunda a quinta, pedimos trabalharmos até às 22 horas, porque a partir das 18h, 19h, as pessoas passam aqui para beber uma e tudo mais, 22h horas, e garantimos a eles que 22h10 estaremos encerrados. No fim de semana eu até dei exemplo de um país fora, no Ruanda, onde o comércio informal funciona até duas horas da madrugada,  eles podiam diminuir para zero hora, mas depois disso, nós vamos fechar,  vamos para casa. Quando falam de poluição sonora, eles sabem quem faz a poluição sonora, e eles devem nos ajudar”, declarou. 

A Polícia Municipal diz que a decisão não é por todos contestada. 

“ Existem vendedores que até disseram, essa medida é bem vinda, porque 19h é o recomendado para alguém que trabalhou desde manhã até 19h, e se não conseguiu fazer algum trabalho das 8h até 19h, este cliente que só vem às 21h, 22h, zero horas, a esta hora, de uma segunda-feira, de uma terça-feira, de uma quinta-feira, é um cliente que só começa a beber às 22h, porque até eles querem horário que vai ter às zero horas. Imaginemos só, nós estamos aqui a associar a questão da prevenção, por causa da insegurança, nós fizemos uma avaliação, constatamos sim que estes mercados não oferecem segurança depois das 19h”, disse Naftal Lay, porta-voz da Polícia Municipal.

E é, por isso, irreversível. 

“A decisão foi tomada e o nosso apelo, na verdade, é que os utentes dos mercados, aqueles que procuram os mercados no final do dia, principalmente, que o fim do dia, que o fim do dia, façam antes das 19h, porque, a partir das 19h, os mercados que, habitualmente,  eles frequentam e procuram os serviços depois das 19h, devem estar encerrados”,disse. 

A medida abrange ainda aos vendedores e gestores dos Mercados Agostinho Neto (vulgo Museu), Mandela 1 e Mandela 2.

Fonte: O País

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