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Wednesday, October 22, 2025
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Município de Vilankulo aperta o cerco ao comércio informal após denúncia da STV e O País

O ambiente de desordem que há meses se instalou nas imediações do Mercado Municipal de Vilankulo começa finalmente a merecer uma resposta firme do Conselho Municipal. Dias depois de a STV e o Jornal O País denunciarem o caos e os riscos provocados pela ocupação das vias de acesso por vendedores informais, a edilidade veio a público emitir um comunicado contundente que exige o abandono imediato das faixas de rodagem e das bermas por parte dos comerciantes. O documento, tornado público terça-feira, marca uma viragem na forma como o município pretende lidar com a crescente desorganização que compromete não apenas a mobilidade, mas também a segurança de centenas de munícipes.

O alerta surge num momento em que o próprio edil, visitou o Mercado Municipal para constatar de perto a gravidade da situação. No local, o cenário era revelador: bancas improvisadas ocupando passeios, vendedores instalados a poucos metros da estrada principal e transeuntes obrigados a disputar espaço com viaturas e motorizadas. “O que encontramos aqui é preocupante. Estamos a falar de pessoas que colocam em risco as suas vidas e as dos outros. Esta prática tem de parar”, afirmou o presidente do Conselho Municipal, visivelmente indignado com o que viu.

A visita do edil, que se prolongou por mais de uma hora, serviu também para recolher perceções dos próprios vendedores, muitos dos quais reconhecem o perigo, mas afirmam não ter alternativa imediata. Uma das vendedoras, que preferiu não se identificar, contou que “há dias em que não se vende quase nada dentro do mercado, então muitas de nós viemos para a beira da estrada porque é onde há mais movimento”. Outra comerciante reforçou que “a falta de espaço e as condições precárias dentro do mercado” obrigam alguns vendedores a procurar zonas de maior visibilidade.

Perante estes argumentos, o Conselho Municipal diz compreender as dificuldades, mas recorda que o respeito pelas regras é essencial para a convivência urbana e para o próprio desenvolvimento da cidade. “Quando flexibilizámos as regras, foi com o entendimento de que os vendedores circulariam e não se fixariam nas vias de acesso. Infelizmente, o que se observa é o contrário. Muitos instalaram-se de forma permanente nas bermas e até nas faixas de rodagem, o que é inaceitável”, lê-se no comunicado divulgado pela edilidade.

O documento acrescenta que o Município poderá recuar nas medidas de tolerância que vinham sendo aplicadas e adotar uma postura mais rígida de fiscalização. A decisão, segundo fontes do Conselho Municipal, poderá incluir operações conjuntas com a Polícia Municipal e reforço das equipas de fiscalização nos principais pontos críticos. “A intenção não é punir, mas garantir ordem e segurança. Já perdemos demasiadas vidas em acidentes que poderiam ser evitados. O comércio informal é importante, mas não pode colocar em risco a vida das pessoas”, sublinhou um responsável da área de Urbanização e Mercados, que participou na visita.

O comunicado da edilidade, amplamente divulgado nas redes sociais e nos meios locais, apela de forma direta à mudança de comportamento dos vendedores. O Município avisa que, caso a situação persista, serão aplicadas medidas severas, incluindo a remoção coerciva de bancas e a apreensão de produtos. “Pedimos apenas que os vendedores cumpram as orientações. O Município está a trabalhar para criar condições dignas e seguras para todos. Mas enquanto isso, é preciso respeitar o espaço público e as regras básicas de segurança rodoviária”, destacou a mesma fonte do Conselho Municipal.

Paralelamente, decorrem já os trabalhos administrativos para a concretização do projeto de construção de alpendres no Mercado Central. A iniciativa, que visa organizar e modernizar o comércio local, faz parte de um plano mais amplo de requalificação urbana de Vilankulo. O objetivo é reduzir a venda ilegal e a ocupação desordenada das vias, oferecendo aos vendedores condições adequadas para o exercício da sua atividade.

Segundo fontes municipais, o projeto dos alpendres incluirá bancas padronizadas, zonas de sombreamento e áreas reservadas para produtos frescos e secos. A obra será financiada com recursos próprios do Município e conta com o apoio técnico de parceiros locais. 

O problema do comércio informal nas vias públicas de Vilankulo não é recente, mas ganhou proporções alarmantes nos últimos meses. A reportagem da STV e do Jornal O País, que expôs o estado caótico das ruas adjacentes ao mercado, mostrou imagens de crianças a atravessar entre bancas e carros, vendedores sentados a poucos centímetros do asfalto e montes de lixo acumulado. As imagens chocaram a opinião pública e obrigaram a edilidade a reagir com medidas concretas.

Vilankulo, uma das cidades turísticas mais importantes do sul de Moçambique, enfrenta o desafio de equilibrar o dinamismo comercial com a necessidade de manter a ordem urbana e garantir a segurança de residentes e visitantes. Para o Conselho Municipal, o apelo agora lançado não é apenas uma questão administrativa, mas um compromisso com a dignidade, a justiça e o desenvolvimento da cidade. “Queremos uma Vilankulo organizada, próspera e segura. Isso só será possível com o envolvimento de todos. Cada cidadão tem um papel a desempenhar”, concluiu o edil, durante a visita ao mercado, sob o olhar atento de dezenas de vendedores e curiosos.

Com o tom firme e a promessa de medidas práticas, o comunicado da edilidade marca o início de uma nova fase no relacionamento entre o Município e o comércio informal. Resta agora saber se os apelos à consciência e ao civismo surtirão efeito antes que chegue a fase das sanções.

Fonte: O País

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