A Escola Secundária de Nampula, que outrora foi modelo na província, está em estado de degradação, e a direcção afirma que o problema está fora da sua capacidade financeira. A Direcção Provincial da Educação de Nampula também fala de problemas financeiros e diz que há mais escolas nas mesmas condições.
A Escola Secundária de Nampula, localizada no centro da cidade, já foi uma referência provincial, mas hoje está voltada ao esquecimento e em progressiva e acentuada degradação.
Algumas salas de aula estão sem portas e muito menos janelas. Em outras partes do edifício, a cobertura desabou, e parte do muro igualmente cedeu à pressão do tempo.
Os alunos olham com preocupação o problema e lembram que, no período de chuvas, do frio e ou ventos não têm sido fácil assistir às aulas. “Quando chove, costuma cair água nas nossas turmas, a ventania costuma atacar-nos. Quando é tempo chuvoso assim, torna difícil a gente ter uma aula com muita tranquilidade, porque a gente já não fica seguro”, disse um dos alunos.
Outra aluna também lamentou a situação e afirmou que a escola precisa de uma reabilitação urgente. “Tem entrado água pelas janelas, porque não tem vidros nem nada, não estão protegidas. A escola mesmo precisa de uma reforma”, disse.
Ahamada Mussa frequentou, no passado, a referida escola e, depois de uma formação psicopedagógica, regressou como professor da disciplina de física, e é com muita tristeza que exerce a profissão numa escola que outrora era a melhor da província.
“Eu fico mesmo indignado, porque a escola que eu conheci antes não é a que eu vejo e não é aquela em que eu trabalho hoje. Em termos de conservação, é diferente”, lamenta.
João Muguirima, outro professor que também foi aluno da Escola Secundária de Nampula, admite que, se continuar assim, o processo de ensino-aprendizagem estará cada vez mais comprometido.
“As melhores condições de ensino-aprendizagem são salas condignas. Logicamente, se as salas não estão bem em condições, também a aprendizagem não é boa. Imagine: ao ver o tecto furado, o aluno preocupa-se com a sua segurança, e não o que o professor diz. Ele não é o culpado, o professor não é o culpado, mas são as condições que temos”, lamenta.
O director da Escola Secundária de Nampula, Albertino Luís, fez saber que o nível de degradação da escola requer um nível de intervenção que está acima da capacidade da instituição.
“Fazendo uma avaliação preliminar, naquilo que são as nossas colectas, as nossas receitas, não estamos em condições de satisfazer. O pouco que fazemos é uma pequena reabilitação de uma rede por aqui, uma porta por ali, talvez uma lâmpada por cá, mas aquilo que é uma revisão de vulgo, não estamos em condições”, conta angustiado Albertino Luís.
A preocupação não é somente da direcção da escola. O Director Provincial da Educação em Nampula, William Tuzine, reconhece o problema e diz que não é exclusivo à essa escola, frisando que várias outras encontram-se na mesma situação.
Para Tuzine a falta de dinheiro está por detrás do aparente abandono das escolas em Nampula. Não é só o caso da Escola Secundária de Nampula. Nós temos várias escolas secundárias como Angoche, Nampula, entre outras escolas dentro da cidade, que nós achamos que elas devem ser reabilitadas. Tanto nós, através do sector de planificação, já temos todo o dado estatístico destas escolas que estão dentro da nossa base de dados, o que não temos por enquanto são fundos para a reabilitação das escolas”, explicou William Tuzine.
Especialistas em educação entendem que mais do que construir novas escolas o Estado devia focar-se em reabilitar as existentes e alertam: “Em vez de nós pensarmos em construir novas escolas, novas infraestruturas imponentes, temos que olhar primeiro pelas infraestruturas que nós temos. Nós não podemos falar de qualidade de formação enquanto não temos boas escolas equipadas, não temos boas infraestruturas”, disse.
Construída no tempo colonial, a Escola Secundária de Nampula nunca beneficiou de obras de reabilitação de vulto.