O Conselho de Administração da Nissan rejeitou a proposta de fusão de 58 mil milhões de dólares apresentada pela Honda, colocando em risco uma das maiores operações da indústria automóvel dos últimos anos. O acordo, que inicialmente previa uma fusão equilibrada entre as duas empresas, deteriorou-se após a Honda tentar transformar a Nissan numa subsidiária de controlo total.
Conflito de Estratégias e Resistência Interna
As negociações entre Nissan e Honda começaram em Dezembro de 2024, mas rapidamente se tornaram tensas devido a divergências sobre avaliação de activos, participação acionária e estrutura de governança. Enquanto a Nissan defendia uma estrutura conjunta sob uma holding, que manteria as marcas independentes e os poderes de decisão equilibrados, a Honda surpreendeu os executivos da rival ao apresentar uma proposta mais agressiva, na qual assumiria 100% do controlo da Nissan.
A mudança de estratégia da Honda foi interpretada por alguns dirigentes da Nissan como um sinal de que a empresa poderia estar à procura de uma saída negociada para abandonar o acordo.
O Papel da Renault e a Pressão do Mercado
A fusão foi impulsionada pela recente decisão da Renault, que detém 36% da Nissan, de reduzir sua participação na empresa japonesa. A montadora francesa encorajou a Nissan a negociar um prémio de controlo mais elevado, considerando que a Honda assumiria a gestão da empresa.
A Renault também pressionou a Nissan para acelerar as discussões, temendo que o prolongamento das negociações pudesse prejudicar a recuperação dos seus próprios negócios.
A francesa reforçou sua posição num comunicado oficial, afirmando que não houve uma decisão final da Honda e da Nissan e alertando que a transação contemplada poderia resultar numa aquisição sem um prémio justo para os accionistas da Nissan.
Reação do Mercado e Impacto no Setor Automóvel
A rejeição da proposta pela Nissan teve um impacto imediato no mercado financeiro. As acções da Honda subiram 8%, refletindo o alívio dos investidores em relação a um possível acordo desvantajoso. Já os títulos da Nissan caíram quase 5%, evidenciando preocupações sobre o futuro da empresa, que enfrenta dificuldades financeiras e tem uma capitalização de mercado cinco vezes menor do que a Honda.
Além disso, a Foxconn, gigante taiwanesa da tecnologia, demonstrou interesse na compra de parte da participação da Renault na Nissan, o que poderá reconfigurar completamente o cenário de negociações caso a montadora japonesa continue a resistir à fusão.
A decisão final da Nissan sobre a fusão deverá ser anunciada no final deste mês, num momento em que o setor automóvel enfrenta desafios como a transição para veículos elétricos, regulamentações ambientais mais rígidas e novas dinâmicas de mercado.
Fonte: O Económico