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Monday, September 22, 2025
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O fracasso silencioso da nossa educação

Resumo

O sistema educativo em Moçambique enfrenta desafios graves, com muitos alunos a saírem do ensino primário sem saber ler, escrever ou fazer contas básicas. O insucesso escolar é agravado pela pobreza e más condições nas comunidades, com turmas sobrelotadas e falta de recursos. Apesar dos relatórios oficiais apontarem melhorias quantitativas, a qualidade do ensino é questionável. A falta de investimento na formação e valorização dos professores, infraestruturas precárias e monitorização deficiente ameaçam o futuro do país. Especialistas alertam que, sem mudanças significativas, Moçambique continuará a formar cidadãos excluídos do desenvolvimento. É urgente reconhecer e corrigir as falhas no sistema educativo para evitar consequências irreversíveis para o país.

Por: Gelva Aníbal

A escola, em teoria, deveria ser o espaço de igualdade, conhecimento e oportunidades. No nosso país, porém, o sistema educativo acumula fragilidades que têm produzido um fracasso silencioso, milhares de alunos passam anos a frequentar a escola sem garantias mínimas de aprendizagem.

Os relatórios oficiais insistem em números positivos: mais matrículas, mais escolas, mais professores. Mas os indicadores de qualidade revelam outro cenário. Segundo dados do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, uma parte significativa dos alunos conclui o ensino primário sem saber ler, escrever ou realizar operações matemáticas básicas. O insucesso escolar traduz-se também em elevadas taxas de abandono e repetência, agravadas pela pobreza e pela falta de condições nas comunidades.

O Estado tem o dever constitucional de assegurar educação de qualidade, mas continua aparentemente a  privilegiar a quantidade em detrimento dos resultados. A sociedade, por sua vez, raramente se impõe, deixando espaço para que o problema se prolongue ano após ano. E os parceiros internacionais financiam projetos que, embora necessários, carecem de mecanismos eficazes de monitoria e avaliação.

O fracasso da educação não é um fenómeno distante, manifesta-se todos os dias. Em turmas com mais de 70 alunos, onde um único professor, mal remunerado e sem condições, tenta ensinar os seus alunos, em escolas sem carteiras, sem livros e, em alguns casos, até sem paredes.

Apesar da gravidade, o colapso do sistema não tem gerado grande mobilização social. O silêncio é mantido por discursos políticos que destacam avanços e escondem lacunas, e por uma sociedade que se habituou com mínimo.

Especialistas em educação alertam: sem investimento sério na formação e valorização dos professores, na melhoria das infraestruturas e no acompanhamento rigoroso do processo de ensino-aprendizagem, Moçambique estará a formar gerações de cidadãos excluídos do desenvolvimento.

A escola deve ser motor de transformação. Mas, neste momento, é preciso reconhecer que a educação pública está a falhar e prosseguir conforme, de modo a não comprometer o futuro do país de forma irreversível.

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