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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O relatório “Trade and Development Foresights 2025” da UNCTAD oferece uma visão abrangente das forças que actualmente moldam o futuro da economia global. Sob o tema “Under Pressure: Uncertainty reshapes global economic prospects”, o documento alerta para a convergência de choques políticos, comerciais e financeiros que colocam o mundo numa trajectória de baixo crescimento e vulnerabilidades agudas para os países em desenvolvimento.
A UNCTAD projecta que o crescimento mundial atinja apenas 2,3% em 2025, colocando a economia global abaixo do limiar que define um período recessivo. Esta tendência resulta da intensificação das tensões comerciais, da volatilidade financeira e de um clima de incerteza geopolítica sem precedentes.
As decisões de investimento e contratação têm sido adiadas, afectadas por choques tarifários e rupturas nas cadeias de valor. A reconfiguração do sistema multilateral está em curso, fragmentando as alianças económicas e provocando distorções comerciais significativas. A UNCTAD assinala que esta nova vaga de proteccionismo, combinada com a ascensão do unilateralismo, está a desincentivar a cooperação global.
No plano financeiro, apesar de algum afrouxamento da política monetária por parte dos principais bancos centrais, os custos de financiamento a longo prazo mantêm-se elevados, reflectindo a incerteza persistente e o aumento do prémio de risco exigido pelos investidores. Isto afeta directamente os países em desenvolvimento, que enfrentam pressões acrescidas para financiar dívidas externas já insustentáveis.
A ajuda oficial ao desenvolvimento também está em declínio. A UNCTAD estima uma redução de pelo menos 18% entre 2023 e 2025, afectando especialmente os países mais vulneráveis, onde as necessidades de investimento em infra-estruturas, educação e saúde permanecem elevadas. Além disso, os fluxos de capitais privados estão a diminuir, numa tendência de fuga para activos considerados mais seguros.
Contudo, o relatório também identifica caminhos de resiliência e oportunidade. A crescente interdependência entre economias em desenvolvimento, reflectida na expansão do comércio Sul-Sul, oferece uma alternativa promissora. Cerca de um terço do comércio global já ocorre entre países do Sul Global, criando espaços para novas cadeias de valor regionais.
A integração regional, especialmente em regiões como África e Ásia, surge como um amortecedor contra os choques externos. A UNCTAD sublinha a importância de políticas industriais adaptadas, investimentos em infra-estruturas estratégicas e cooperação fiscal para aumentar a autonomia económica e a capacidade de reacção.
A conclusão do relatório é clara: só através de acção coordenada, solidária e orientada para o desenvolvimento é que o mundo poderá evitar um cenário prolongado de estagnação, desigualdade crescente e colapso das metas globais. A resposta à incerteza deve ser mais integração, mais cooperação e mais ambição no plano do desenvolvimento sustentável.
Fonte: O Económico