Ela afirmou que não pode haver paz sustentável na região sem uma solução para o conflito israelense-palestino que leve à criação de dois Estados vivendo pacificamente.
“Oportunidade crucial”
Sigrid Kaag fez um apelo por “vontade política e decisões ousadas” para libertar o Oriente Médio de um “passado não resolvido”. Para ela, a solução de dois Estados corre o risco de desaparecer e precisa ser reavivada.
Kaag pediu aos membros do Conselho de Segurança que escolham “a coragem em vez da cautela, a justiça em vez da inércia e a paz em vez da política”.
Ela declarou que é hora de passar da gestão do conflito para seu término, em um processo respaldado por consenso e legitimidade internacionais ao invés de acordos temporários.
A coordenadora para o Oriente Médio disse que a conferência internacional de alto nível, em junho, copresidida pela França e pela Arábia Saudita, representa uma “oportunidade crucial” para o fim da ocupação do Território Palestino e a concretização da solução de dois Estados.
Caminho para a coexistência pacífica
Para a representante da ONU, esse caminho deve ser baseado no direito internacional, nas resoluções da ONU e em acordos anteriores, e resultar em um Estado palestino unificado, que exista em paz e segurança ao lado de Israel, com Jerusalém como capital de ambos.
A coordenadora para o Processo de Paz no Oriente Médio afirmou que a segurança duradoura não pode ser alcançada apenas pela força e deve ser construída com base no “reconhecimento mútuo, na justiça e nos direitos de todos”.
Ela enfatizou que Israel tem o direito de viver em paz e segurança e adicionou que esse objetivo foi “inegavelmente abalado pelos horríveis ataques terroristas e pela tomada de reféns em 7 de outubro pelo Hamas e outros grupos armados palestinos”.
A representante da ONU reiterou o apelo ao Hamas pelo fim dos ataques com foguetes contra Israel e pela libertação incondicional de todos os reféns.

Perda da esperança
Sigrid Kaag ressaltou que desde o fim do cessar-fogo em março, civis palestinos têm sido constantemente atacados, confinados em espaços cada vez menores e privados de assistência vital.
Ela declarou que Israel precisa interromper seus “ataques arrasadores contra a vida e a infraestrutura de civis” e permitir o acesso total à ajuda humanitária.
A alta funcionária da ONU relatou que povo de Gaza está perdendo a esperança e merece ter um futuro que os resgate de uma condição de mera sobrevivência.
Disparos em novo centro de distibuição de ajuda
Segundo agências de notícias, dezenas de palestinos teriam sido feridos e baleados ao tentarem receber ajuda no novo centro de distribuição, apoiado pelos Estados Unidos e por Israel, que opera independentemente da ONU.
O chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU para os Territórios Palestinos, Ajith Sunghay, relatou que pelo menos 47 pessoas ficaram feridas em um tiroteio. Os detalhes ainda estão sendo apurados.
Ele descreveu a piora das condições em Gaza, incluindo mortes generalizadas de civis, fome infantil e deslocamentos em massa devido aos ataques israelenses.
Sunghay ressaltou que o último fim de semana foi “assustador” em Gaza, com crianças sendo queimadas vivas em abrigos bombardeados e o caso de uma médica que perdeu nove filhos em um único ataque enquanto trabalhava para salvar vidas em um hospital.
O alto funcionário da ONU afirmou que “Israel está impondo condições incompatíveis com a existência do povo palestino como grupo em Gaza”.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, a guerra em Gaza já matou ou feriu mais de 50 mil crianças. Desde o fim do cessar-fogo, em 18 de março, aproximadamente 1,3 mil menores perderam a vida e outros 3,7 mil ficaram feridos.
Fonte: ONU