Resumo
O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, alertou para o risco de uma nova onda de atrocidades no Sudão, devido aos combates intensificados na região de Kordofan entre as Forças Armadas Sudanesas, as Forças de Apoio Rápido e o Movimento Popular de Libertação do Sudão–Norte. Desde 25 de outubro, houve pelo menos 269 mortes de civis documentadas, causadas por ataques aéreos, bombardeamentos e execuções. A situação humanitária é crítica, com fome confirmada em Kadugli e risco iminente em Dilling. Os combates resultaram em deslocações em massa, com mais de 45 mil pessoas a procurar segurança. A comunidade humanitária alertou para os ataques contra civis e as restrições ao acesso humanitário.
Os combates pioraram na região de Kordofan entre as Forças Armadas Sudanesas, SAF, as Forças de Apoio Rápido, RSF, e o Movimento Popular de Libertação do Sudão–Norte, Splm-n.
Bombardeamentos e execuções
Desde 25 de outubro, quando a RSF tomou a cidade de Bara, no Kordofan do Norte, o Escritório de Direitos Humanos da ONU documentou pelo menos 269 mortes de civis. As perdas humanas foram causadas por ataques aéreos, bombardeamentos de artilharia e execuções sumárias.
Apesar das falhas nas telecomunicações e na internet dificultarem a verificação de dados, o que indica que o número real de vítimas poderá ser mais elevado, há ainda relatos de detenções arbitrárias, raptos, violência sexual e recrutamento forçado, incluindo de crianças.
Em 3 de novembro, um drone da RSF atingiu uma tenda onde ocorria um velório em El Obeid, no Kordofan do Norte, matando alegadamente 45 pessoas, na maioria mulheres.
Situação humanitária crítica
Já em 29 de novembro, um ataque aéreo das SAF em Kauda, no Kordofan do Sul, teria provocado pelo menos 48 mortos, a maioria civis. Desde então, os combates intensificaram-se nos três estados de Kordofan.
As cidades de Kadugli e Dilling, no Kordofan do Sul, estão sob cerco da RSF e do Splm-n, enquanto El Obeid encontra-se parcialmente cercada no Kordofan do Norte.
A situação humanitária é crítica: a fome foi confirmada em Kadugli e existe risco iminente em Dilling. Todas as partes envolvidas continuam a bloquear o acesso humanitário.
Deslocações em massa e restrições humanitárias
O agravamento da violência em novembro provocou deslocações em grande escala, com mais de 45 mil pessoas a abandonar as suas casas em busca de segurança dentro ou fora da região de Kordofan.
A comunidade humanitária no Sudão alertou que os ataques contra civis e infraestruturas civis estão a restringir o acesso a alimentos, medicamentos e serviços essenciais, além de impedir o acesso dos agricultores aos campos e mercados.
Ataques contínuos
Em Kadugli, foram identificadas condições de fome, enquanto em Babanusa, no Kordofan Ocidental, registaram-se ataques contínuos nos últimos dias.
Agências de auxílio operam sob alto risco, prestando assistência básica a cerca de 1,1 milhão de pessoas na região, mas alertam que necessitam de acesso seguro e sem impedimentos, além de recursos adicionais para ampliar a resposta.
Volker Turk termina sua nota com um apelo aos Estados com influência sobre as partes em conflito para que atuem de imediato no sentido de travar os combates e interromper o fluxo de armas que alimenta a violência.
O chefe de Direitos Humanos da ONU sublinha que a “a passagem segura” para quem foge do horror da fome, da morte e da destruição é essencial e uma “imperativa de direitos humanos.”
Fonte: ONU






