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A viabilidade económica dos operadores privados de fornecimento de água em Moçambique está sob forte ameaça, com níveis de cobrança abaixo dos 40%, o que compromete a sustentabilidade financeira e coloca em risco o acesso a este serviço essencial em várias comunidades. A denúncia foi feita por Paulino Cossa, presidente da Associação dos Fornecedores de Água de Moçambique, em declarações ao Jornal Notícias, na sua edição de 24 de Julho de 2025.
Apenas 40% dos clientes pagam pela água que consomem, uma realidade que tem alarmado os operadores privados e levado alguns a ponderar o encerramento das suas actividades, segundo revelou Paulino Cossa ao Notícias.
O fenómeno atinge com maior gravidade os centros urbanos e zonas periurbanas, onde o incumprimento dos clientes é mais recorrente. Em contraste, nas zonas rurais, os consumidores tendem a honrar os seus compromissos financeiros.
De acordo com Cossa, a situação agravou-se entre Outubro de 2024 e Janeiro de 2025, período marcado por um movimento de protesto que defendia o não pagamento de serviços básicos, no contexto das manifestações pós-eleitorais.
A Autoridade Reguladora de Águas recomendou a suspensão dos fornecimentos a clientes incumpridores, mas mesmo essa medida, admitiu o dirigente, não tem surtido o efeito desejado: “Neste momento, o nível de pagamento oscila entre 30 a 40 por cento. Os problemas continuam, ainda que com tendência a melhorar”, afirmou ao Notícias.
A situação é especialmente crítica em locais onde há sobreposição de redes públicas e privadas, o que, segundo Cossa, agrava a confusão e reduz a predisposição ao pagamento: “Nesses casos, o índice de não pagamento é muito mais elevado”.
Diante deste cenário, alguns operadores abandonaram já o sector. Para evitar uma debandada, a Associação tem apelado ao diálogo como primeira linha de resposta: “Recomendamos aos associados que conversem com os seus clientes. Só depois se avança para sanções, caso a situação persista”.
Paulino Cossa reforça que, apesar das dificuldades, os operadores têm respeitado uma abordagem gradualista e orientada por princípios de boa-fé, procurando manter os serviços e evitar rupturas sociais, mas alerta: “Se a situação continuar, muitos fornecedores vão perder a vontade de desistir”.
Fonte: O Económico