O mercado de ouro registou um marco significativo nesta quarta-feira, quando os preços atingiram a máxima histórica de US$ 2.853,97 por onça, impulsionados pelo aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. Este crescimento foi gerado pelos receios de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias globais, agravada pela imposição de tarifas chinesas sobre as importações dos EUA, em resposta às novas tarifas norte-americanas sobre bens chineses.
O Refúgio Seguro
A escalada das tensões entre os dois países resultou numa crescente procura por activos considerados seguros, e o ouro, tradicionalmente visto como um refúgio contra incertezas económicas, registou uma valorização considerável. Os preços do ouro à vista subiram 0,2%, para US$ 2.848,69, depois de atingir o recorde de US$ 2.853,97, enquanto os futuros do ouro nos EUA subiram 0,2%, para US$ 2.879,70.
O aumento do preço do ouro foi uma resposta directa às declarações e acções dos Estados Unidos e China, que continuam a envolver-se num conflito económico cada vez mais intenso. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou na terça-feira que não está com pressa de dialogar com o presidente chinês, Xi Jinping, para tentar aliviar as tensões comerciais. Em contrapartida, a China impôs tarifas adicionais sobre uma série de produtos dos EUA e colocou várias empresas norte-americanas, incluindo o Google, sob aviso para possíveis sanções, como uma resposta calculada às tarifas de Trump.
O Futuro e o Impacto da Guerra Comercial
Analistas de mercado estão atentos à possibilidade de que o preço do ouro possa continuar a subir, com alguns a sugerirem que o próximo ponto de inflexão poderá ser o valor simbólico de US$ 3.000 por onça. Ilya Spivak, chefe de macroeconomia global da Tastylive, comentou que a China poderá ser incentivada a continuar comprando ouro para as suas reservas, especialmente se a guerra comercial se intensificar ainda mais.
No entanto, o aumento das tarifas comerciais também vem acompanhado de riscos inflacionários, como alertaram três oficiais do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Estes avisaram que as incertezas sobre o impacto dos preços poderão justificar um corte mais gradual das taxas de juro, o que poderá reduzir o apelo do ouro entre os investidores, uma vez que taxas de juro mais altas tendem a diminuir a atratividade de activos como o ouro, que não gera rendimento.
A Demanda por Ouro e o Papel dos Outros Metais Preciosos
A crescente procura por ouro não se verifica da mesma forma em outros metais preciosos, como prata e platina, que apresentaram um desempenho inferior devido à sua sensibilidade ao apetite por risco dos investidores. No entanto, o aumento da procura por ouro poderá ter um efeito positivo, embora moderado, sobre esses outros metais, já que os investidores tendem a considerar uma gama de activos preciosos em tempos de incerteza económica.
Os dados económicos que serão divulgados ao longo desta semana, incluindo o relatório de empregos ADP e o relatório de empregos do governo, poderão oferecer mais informações sobre a saúde da economia dos EUA e influenciar as perspectivas para o ouro e outros activos financeiros. O mercado continua atento a como o Federal Reserve e outros bancos centrais do mundo responderão a este cenário de crescente incerteza.
O Ouro Como Indicador de Incerteza Global
O ouro, com o seu aumento significativo de preço, simboliza o crescente receio de que a guerra tarifária entre os EUA e a China possa levar a uma desaceleração económica global. À medida que os mercados enfrentam essas incertezas, a procura por ouro como activo seguro tende a crescer, o que pode fazer com que os preços atinjam novos patamares. No entanto, o caminho a seguir dependerá não apenas das políticas económicas dos EUA e da China, mas também das respostas globais a esses desafios comerciais e inflacionários.
Fonte: O Económico