Resumo
O ouro atingiu um valor recorde de 3.898,18 USD por onça, impulsionado pelo shutdown do governo dos EUA e pela expectativa de cortes de juros pela Reserva Federal. A cotação do ouro subiu para 3.886,97 USD/onça, com contratos futuros a 3.914,50 USD. A incerteza política nos EUA, risco de recessão e estímulos monetários favorecem o metal precioso, que se torna mais atrativo em cenários de taxas de juro baixas. A fraqueza do dólar também contribui para a procura de ouro. Outros metais preciosos também foram afetados pela euforia, refletindo a instabilidade económica global. Analistas acreditam que o ouro pode atingir novos patamares, com potencial para um "super-ciclo" ainda mais alto.
A cotação do ouro à vista subiu 0,8% para 3.886,97 USD/onça às 10h55 GMT, após tocar o pico de 3.898,18. Os contratos futuros para Dezembro ganharam 1,1%, para 3.914,50 USD.
O movimento foi alimentado pela procura de activos considerados seguros. A incapacidade do Congresso norte-americano em aprovar o orçamento provocou a paralisação parcial da máquina governamental, ameaçando milhares de empregos e atrasando a publicação de dados macroeconómicos cruciais, como o relatório de emprego não-agrícola (NFP).
Em paralelo, os investidores avaliam que a Reserva Federal tem margem para avançar com cortes de juros. Segundo o CME FedWatch Tool, existe uma probabilidade de 95% de que a decisão seja tomada já este mês.
“O dólar está a enfraquecer com a expectativa de uma Fed cada vez mais dovish. Este movimento ganhou força depois da falha em aprovar o pacote orçamental, o que desencadeou o shutdown e poderá penalizar o crescimento económico”, explicou Ricardo Evangelista, analista da ActivTrades.
A fraqueza do dólar torna o ouro, cotado em dólares, mais barato para investidores estrangeiros, reforçando ainda mais a procura.
Contexto macroeconómico
O ouro é um activo que não gera rendimento, mas em cenários de taxas de juro baixas ou de incerteza económica tende a atrair fluxos consideráveis. A conjugação de instabilidade política nos EUA, risco de recessão e expectativas de estímulos monetários cria o ambiente ideal para a escalada do metal precioso.
Carsten Menke, analista do Julius Baer, nota que a Fed não precisa de esperar pelo relatório de emprego para decidir. “O banco central tem espaço para mais afrouxamento monetário”, afirmou.
Outros metais preciosos
A euforia contagiou outros metais:
O rali do ouro espelha não apenas a turbulência orçamental em Washington, mas também a fragilidade da economia norte-americana e global. Se confirmados os cortes de taxas da Fed, o metal poderá consolidar-se em novos patamares, com analistas a apontarem que o “super-ciclo” do ouro ainda não atingiu o seu auge.
Fonte: O Económico