O ouro consolidou esta terça-feira a sua posição como activo de refúgio, atingindo um novo máximo histórico de 3.759,02 dólares norte-americanos por onça, impulsionado pela expectativa de cortes adicionais nas taxas de juro da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) e pela depreciação do dólar, num contexto de incerteza económica e tensões geopolíticas.
Segundo a Reuters, o ouro à vista (spot) estabilizou em 3.744,68 USD/onça no início da sessão asiática, após ter registado o máximo histórico horas antes. Os contratos futuros para Dezembro avançaram 0,1%, para 3.779,40 USD/onça, sinalizando que a trajectória ascendente continua a ser suportada por factores estruturais.
O enfraquecimento do índice do dólar norte-americano (.DXY), que prolongou as perdas da sessão anterior, tornou o metal mais barato para investidores internacionais, reforçando a procura. “É predominantemente um reflexo das expectativas de política monetária, com potenciais cortes nas taxas de juro e riscos adicionais de inflação”, afirmou Kyle Rodda, analista da Capital.com.
A atenção do mercado está centrada no discurso do presidente da Fed, Jerome Powell, agendado para as 16h35 GMT, bem como na divulgação do índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), a principal referência da instituição para medir a inflação, prevista para sexta-feira.
A discussão sobre a orientação futura da política monetária norte-americana intensificou-se após declarações do novo governador da Fed, Stephen Miran, que alertou que as taxas excessivamente restritivas podem comprometer o objectivo de pleno emprego, defendendo cortes agressivos. Contudo, outros membros da Fed manifestaram prudência, advertindo que a inflação continua a exigir vigilância.
De acordo com a ferramenta CME FedWatch, os investidores atribuem actualmente uma probabilidade de 90% a um corte de 25 pontos base em Outubro e 75% à possibilidade de nova redução em Dezembro. O banco ANZ destacou, em nota aos clientes, que a conjugação de crescimento económico lento, inflação elevada, um dólar mais fraco e incerteza geopolítica sustenta a procura pelo ouro como activo de investimento.
O desempenho dos restantes metais preciosos foi misto: a prata caiu 0,5%, para 43,84 USD/onça, embora continue próxima do seu maior nível em 14 anos; a platina recuou 0,2%, para 1.413,80 USD; e o paládio perdeu 0,5%, fixando-se em 1.173,18 USD.
Fonte: O Económico