Resumo
A subida do ouro para 4.059,30 dólares por onça e o recorde da prata a 51,52 dólares por onça são impulsionados pela imposição de tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses por Trump e pelas expectativas de cortes nas taxas de juro pela Reserva Federal. A decisão de Trump e as tensões comerciais entre EUA e China aumentam a procura por ativos de refúgio, enquanto a perspetiva de cortes nas taxas de juro torna o ouro mais atrativo em períodos de incerteza económica. O contexto político e geopolítico, incluindo a paralisação parcial do governo dos EUA e reuniões internacionais, contribuem para um clima de incerteza que favorece o aumento do preço do ouro.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Decisão de Trump de impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses e expectativa de cortes nas taxas de juro pela Reserva Federal impulsionam o ouro a 4.059,30 dólares por onça; prata também renova recorde histórico.
O ouro atingiu esta segunda-feira um novo máximo histórico de 4.059,30 dólares por onça, impulsionado pela forte procura de activos de refúgio, após a imposição de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos sobre produtos chineses e pelo aumento das expectativas de cortes de juros pela Reserva Federal (Fed). A prata acompanhou a tendência e fixou também um recorde, cotando-se a 51,52 dólares por onça.
Tensões Comerciais Reacendem Corrida ao Ouro
A valorização do ouro reflecte uma combinação de factores geopolíticos e monetários. O Presidente norte-americano Donald Trump anunciou na sexta-feira a aplicação de tarifas adicionais de 100% sobre importações chinesas, além da introdução de novos controlos de exportação sobre software crítico, a entrarem em vigor a 1 de Novembro.
A medida surge em retaliação às restrições impostas por Pequim à exportação de elementos de terras raras, essenciais para a indústria tecnológica.
Analistas do mercado sublinham que “o regresso das tensões entre as duas maiores economias do mundo reacendeu a procura por activos de refúgio”, observou Kyle Rodda, analista da Capital.com, acrescentando que, embora os conflitos no Médio Oriente tivessem perdido intensidade, “a reactivação do risco comercial entre Washington e Pequim volta a alimentar o preço do ouro”.
Expectativas de Cortes na Taxa da Fed Reforçam Procura por Refúgio
O movimento ascendente do metal precioso é igualmente sustentado pelas expectativas de redução das taxas de juro pela Reserva Federal ainda este ano.
Os investidores apostam em dois cortes de 25 pontos base, um em Outubro e outro em Dezembro, segundo o indicador FedWatch.
A perspectiva de taxas mais baixas reduz o custo de oportunidade de deter ouro — um activo não remunerado — e aumenta a sua atractividade como reserva de valor em períodos de incerteza económica.
O Presidente da Fed, Jerome Powell, deverá pronunciar-se esta terça-feira na conferência anual da Associação Nacional de Economia Empresarial (NABE), evento que poderá oferecer novos sinais sobre a política monetária norte-americana.
Contexto Político e Geopolítico Agrava Clima de Incerteza
A subida do ouro ocorre também num contexto político interno adverso nos Estados Unidos.
A paralisação parcial do governo federal, em vigor desde 1 de Outubro, levou à suspensão de vários serviços públicos e ao despedimento temporário de milhares de funcionários, atrasando a divulgação de indicadores económicos cruciais.
Paralelamente, líderes mundiais, incluindo Trump, reúnem-se no Egipto para discutir planos de cessar-fogo na Faixa de Gaza, reflectindo a intersecção entre a tensão geopolítica e o comportamento dos mercados.
Desempenho dos Metais Preciosos e Perspectivas
Além do ouro e da prata, outros metais preciosos registaram ganhos expressivos.
A platina valorizou-se 2,6% para 1.628,80 dólares, enquanto o paládio subiu na mesma proporção, para 1.442,06 dólares.
O ouro acumula uma valorização de 54% no ano, sustentada pela forte procura de bancos centrais, pelas entradas líquidas em fundos cotados (ETFs) e pelas incertezas ligadas à política monetária global.
A Goldman Sachs mantém uma visão optimista para o mercado de metais preciosos, prevendo que a prata possa continuar a beneficiar de fluxos de investimento privado no médio prazo, embora admita volatilidade acentuada e riscos de correcção no curto prazo.
O Ouro Como Termómetro da Incerteza Global
O novo recorde do ouro simboliza mais do que uma resposta a choques imediatos: reflecte a convergência entre instabilidade comercial, fragilidade monetária e incerteza geopolítica, num momento em que os investidores procuram refúgios tangíveis.
Com o agravamento da disputa entre EUA e China, o prolongamento da crise orçamental norte-americana e a expectativa de uma inflação persistente, o ouro mantém-se como o activo de confiança num mundo em transição.
Fonte: O Económico





