Ouro atinge recorde e mercados reagem a nova ameaça tarifária de Trump

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O preço do ouro atingiu um novo recorde nesta terça-feira, 11/02, impulsionado pela incerteza dos mercados globais face à política comercial dos Estados Unidos. A firmeza do dólar e a recuperação do índice Hang Seng, em Hong Kong, demonstram a postura cautelosa dos investidores enquanto aguardam declarações do Presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, sobre tarifas e inflação.

Tensões comerciais impulsionam activoss de refúgio

O ouro atingiu um pico histórico de 2.935 dólares por onça, beneficiando-se do cenário de incerteza gerado pela escalada de tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. Na segunda-feira, a Casa Branca anunciou um aumento de 25% nas tarifas sobre as importações de aço e alumínio, o que fez disparar as acções das siderúrgicas norte-americanas.

Além disso, as tarifas de 10% sobre produtos chineses entraram em vigor este mês, desencadeando retaliações da China sobre bens energéticos e outras mercadorias dos EUA. Apesar da falta de progresso em um novo acordo comercial entre Pequim e Washington, os investidores ainda mantêm a expectativa de uma solução negociada.

“Trump é, por natureza, um homem de negócios, então, em algum momento, haverá acordos a serem feitos”, afirmou Prashant Bhayani, Director de Investimentos da BNP Paribas Wealth Management na Ásia.

A incerteza económica fez com que a moeda chinesa, yuan, recuasse para além da marca de 7,3 por dólar, sendo negociada a 7,3071 na manhã de terça-feira. O dólar manteve-se estável a 152,01 yens japoneses e 1,03 dólares por euro.

Impactos nas bolsas e no petróleo

Nos mercados de acções, os principais índices norte-americanos encerraram em alta na segunda-feira, impulsionados pelo sector energético e tecnológico. O índice S&P 500 registou ganhos de 0,5%, enquanto empresas como Nucor (+5,6%) e Steel Dynamics (+4,9%) viram suas acções valorizarem devido ao impacto positivo das tarifas no setor siderúrgico.

O Hang Seng de Hong Kong avançou mais de 12% num mês, sustentado pelo alívio na tensão comercial depois que Trump primeiro ameaçou, depois suspendeu, tarifas generalizadas sobre o Canadá e o México. O índice europeu STOXX 600 também subiu 0,58%, atingindo um recorde de 545,92 pontos, puxado pelo aumento de 1,5% no setor de energia.

Os preços do petróleo mantiveram-se elevados após um forte movimento de alta na sessão anterior. O gás natural no Reino Unido e nos Países Baixos atingiu o maior valor em dois anos, impulsionado pela queda das temperaturas e pelo aumento da procura.

Expectativas sobre política monetária e juros nos EUA

O mercado agora volta-se para o aguardado discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, que falará perante o Comité Bancário do Senado sobre a política monetária dos EUA. As suas declarações sobre tarifas e inflação serão cruciais para os próximos passos do mercado financeiro.

Apesar da turbulência no comércio global, os investidores não esperam uma alteração imediata da taxa de juro norte-americana. O mercado projeta uma manutenção dos juros na reunião de Março, com probabilidade de um corte de 25 pontos base a partir de Junho, segundo o FedWatch Tool da CME.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA a 10 anos encerraram a sessão a 4,495%, sem negociações na sessão asiática devido a um feriado no Japão.

A valorização do ouro e a instabilidade das moedas evidenciam a crescente incerteza sobre o impacto das tarifas comerciais dos EUA e a possível resposta do mercado. Enquanto Trump mantém a sua postura agressiva na política comercial, os investidores aguardam os próximos passos do Fed e sinais de um possível alívio nas tensões entre Washington e Pequim.

Fonte: O Económico

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