O preço do ouro superou novamente a marca histórica dos 3.000 dólares por onça nesta terça-feira, 18/03, impulsionado pela procura crescente dos investidores por activos considerados seguros, num contexto marcado pela incerteza económica global resultante das políticas tarifárias da Administração Trump.
O ouro negociado à vista ultrapassou a barreira psicológica dos 3.000 dólares pela segunda vez numa semana, alcançando os 3.021,70 dólares por onça, um aumento de 0,5%. Este movimento ascendente acontece após o metal precioso ter registado um pico histórico pela primeira vez na última sexta-feira.
Segundo especialistas, a escalada dos preços deve-se ao enfraquecimento do dólar norte-americano e à persistente instabilidade gerada pelas políticas comerciais dos Estados Unidos. O dólar fraco, próximo ao nível mais baixo em cinco meses, tem incentivado os investidores a procurar segurança no ouro.
Este cenário foi ampliado pelos receios crescentes de uma desaceleração económica global devido às contínuas tensões comerciais, particularmente em virtude das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Desde o início do mandato de Donald Trump, o ouro já bateu máximos históricos 14 vezes, reflectindo uma procura crescente por activos considerados refúgio seguro em tempos de instabilidade económica e geopolítica.
Analistas do Citi observam que a combinação entre as tarifas agressivas e a possível política monetária mais flexível nos Estados Unidos deverá continuar a impulsionar o preço do ouro. Esta perspectiva é corroborada pelo banco ING, destacando a conjugação da incerteza tarifária com uma política monetária potencialmente mais cautelosa por parte da Reserva Federal norte-americana.
Por outro lado, analistas do Citi referem que a Reserva Federal poderá preferir uma abordagem prudente caso o país enfrente uma combinação delicada de crescimento económico fraco e inflação elevada, cenário que tradicionalmente fortalece activos considerados seguros, como o ouro.
Entretanto, tensões geopolíticas adicionais no Médio Oriente, especialmente com os recentes ataques em Gaza, também contribuíram para elevar a procura do ouro como activo seguro.
De acordo com o banco Westpac, as previsões de desaceleração do crescimento global e o potencial impacto das tarifas comerciais poderão continuar a sustentar os preços elevados do ouro nos próximos meses. Neste contexto, analistas preveem que o metal possa consolidar-se ainda acima dos actuais níveis recorde, com projecções apontando para uma continuação da procura robusta ao longo de 2025.
Os mercados continuarão atentos à evolução dos eventos económicos e geopolíticos, com o ouro posicionado como um barómetro sensível das percepções de risco dos investidores internacionais.
Fonte: O Económico