Ouro cai de máximo de três meses com reforço do dólar e expectativa sobre políticas de Trump

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Os preços do ouro recuaram nesta quinta-feira, após atingirem o maior valor dos últimos três meses na sessão anterior, refletindo a recuperação do dólar e as reservas de lucro realizadas por investidores. O ouro à vista caiu 0,1% para US$ 2.751,99 por onça, enquanto os futuros de ouro dos EUA registaram uma queda de 0,4% para US$ 2.760,20.

Na quarta-feira, 22 de Janeiro, o ouro atingiu US$ 2.763,43 por onça, o valor mais alto desde 31 de Outubro de 2024, quando chegou a um recorde de US$ 2.790,15.

Factores que Influenciam a Queda

Segundo Ajay Kedia, Director da Kedia Commodities, a queda é um movimento técnico impulsionado pela valorização do dólar. “O dólar encontrou suporte próximo de US$ 108, o que desencadeou algumas reservas de lucro. Apesar disso, a perspectiva geral para o ouro permanece positiva”, explicou.

Por outro lado, o impacto das políticas económicas do presidente dos EUA, Donald Trump, continua a gerar incertezas no mercado. Propostas de tarifas de 25% sobre o México e o Canadá e 10% sobre a China, que entram em vigor a partir de 1 de Fevereiro, aumentam as preocupações sobre um possível impulso inflacionário global. Adicionalmente, Trump prometeu tarifas adicionais sobre importações europeias, sem maiores detalhes.

“A questão-chave é se as políticas de Trump — que combinam cortes de impostos, desregulamentação e tarifas — resultarão num impulso inflacionário significativo. Se isso ocorrer, o Federal Reserve pode ser limitado em novos cortes de taxas, prejudicando o ouro”, afirmou Ilya Spivak, chefe de macro global da Tastylive.

O papel das taxas de juro

O ouro, considerado um activo de refúgio, tem o seu desempenho impactado por alterações nas taxas de juro. O Federal Reserve deve reunir-se nos dias 28 e 29 de Janeiro, e analistas esperam que mantenha a taxa de referência inalterada, dado o cenário de crescimento económico moderado e inflação em declínio. Contudo, as políticas de Trump introduzem incertezas, com analistas divididos sobre os possíveis efeitos no mercado.

Taxas de juro mais altas reduzem o apelo do ouro, que não rende juros. Enquanto isso, outros bancos centrais, como o Banco Central Europeu e o Banco do Japão, devem adotar medidas opostas, incluindo cortes de taxas e estímulos económicos.

Mercado de metais preciosos em queda

Além do ouro, outros metais preciosos também registaram quedas. A prata à vista caiu 0,5% para US$ 30,63 por onça, enquanto a platina e o paládio caíram 0,2% (US$ 944) e 0,7% (US$ 970,55), respectivamente. Segundo Wang Tao, analista técnico da Reuters, o ouro enfrenta resistência em US$ 2.759, o que pode desencadear novas correcções a curto prazo.

Perspectivas para o ouro

Apesar das quedas recentes, analistas mantêm uma visão positiva para o ouro no longo prazo, apoiada pelas incertezas económicas e pelas expectativas de estímulos monetários em várias economias. No entanto, a trajectória de curto prazo dependerá da evolução do dólar e da clareza em torno das políticas económicas da administração Trump.

Fonte: O Económico

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