Ouro Caminha Para Terceira Semana Consecutiva de Perdas Pressionado Pelo Dólar Forte e Expectativas Reduzidas de Cortes nas Taxas da Fed

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Os preços do ouro mantiveram-se estáveis esta sexta-feira, mas caminham para uma terceira semana consecutiva de perdas, pressionados pelo fortalecimento do dólar norte-americano e pela revisão em baixa das expectativas de cortes de juros por parte da Reserva Federal dos EUA. A tensão global gerada pelas tarifas comerciais de Trump acrescenta incerteza, mas também algum suporte ao metal precioso.

O preço do ouro à vista estabilizou nos $3.288,89 por onça durante a manhã de sexta-feira (0733 GMT), com os futuros a recuarem 0,3% para $3.339,90, numa semana que aponta para uma queda acumulada de 1,4%.

O índice do dólar norte-americano (.DXY) atingiu o seu ponto mais alto desde 29 de Maio, tornando o ouro mais caro para os detentores de outras moedas e reduzindo a sua atractividade como activo de refúgio. A valorização do dólar surge em linha com dados económicos positivos — como o PIB, os pedidos de subsídio de desemprego e o índice PCE — que reforçaram a cautela da Fed em cortar taxas este ano.

Segundo Han Tan, economista-chefe da Nemo.Money, “o ouro continua pressionado pela redução nas apostas de cortes nas taxas da Fed. Os dados desta semana reforçaram a relutância do banco central em comprometer-se com um corte de juros em Setembro”.

O próprio Presidente Trump agitou os mercados ao anunciar a imposição de tarifas punitivas a dezenas de países, incluindo o Canadá, Brasil, Índia e Taiwan, numa estratégia de reposicionamento comercial antes do fim do prazo de um novo acordo. Este movimento elevou os receios sobre os efeitos dessas tarifas na inflação e no crescimento global — elementos que tradicionalmente sustentam o ouro como reserva de valor.

Nos EUA, os preços ao consumidor subiram em Junho, já reflectindo os primeiros efeitos das tarifas sobre os bens importados. Os investidores permanecem atentos à divulgação dos dados de emprego de Julho, esperando-se uma desaceleração no crescimento do emprego e uma subida da taxa de desemprego para 4,2% — sinais que poderão influenciar o próximo movimento da Fed.

Apesar da queda nos mercados financeiros, a procura física por ouro na Ásia recuperou ligeiramente, motivada pelo recuo de preços. Contudo, a volatilidade ainda mantém alguns compradores na expectativa. O ouro continua a ser considerado um activo de refúgio durante períodos de incerteza económica, mas tende a ter melhor desempenho em ambientes de taxas de juro mais baixas.

Outros metais preciosos acompanharam a tendência de queda:

A trajectória do ouro nas próximas semanas dependerá em grande medida da evolução da política monetária dos EUA e do impacto efectivo das novas tarifas sobre o comércio global. Se por um lado, o dólar forte e a manutenção das taxas elevadas reduzem o apelo do ouro, por outro, a incerteza geopolítica e o risco inflacionário podem reacender o interesse pelo metal como activo de segurança.

Num mundo onde as tensões económicas e políticas se intensificam, o ouro mantém-se como um termómetro sensível das expectativas e dos receios globais.

Fonte: O Económico

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