Thursday, December 18, 2025
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Ouro em Máximos Históricos Reforça Papel de Refúgio e Mantém Perspectivas Positivas

Resumo

Em 2025, o mercado internacional do ouro teve um aumento histórico de cerca de 64%, atingindo um máximo de 4.381 dólares por onça, devido à incerteza económica, correcções nos mercados accionistas e tensões geopolíticas. Investidores institucionais e bancos centrais continuam a impulsionar a procura por ouro como ativo de refúgio, devido à volatilidade nos mercados tecnológicos, incerteza fiscal e geopolítica. Analistas acreditam que o ciclo de valorização do ouro ainda não terminou. Os bancos centrais têm sido um dos principais impulsionadores deste ciclo, com várias autoridades monetárias a aumentar as suas reservas de ouro pelo quinto ano consecutivo.

A valorização histórica em 2025 não esgota o ciclo: bancos centrais, investidores institucionais e a persistência de riscos geopolíticos continuam a sustentar expectativas de preços elevados no médio prazo.

Um Ano Excepcional Para o Metal Precioso

O mercado internacional do ouro atravessa um dos períodos mais marcantes da sua história recente. Em 2025, o metal precioso acumulou uma valorização próxima de 64%, registando o maior ganho anual desde a crise petrolífera de 1979 e atingindo um máximo histórico em torno de 4.381 dólares por onça, segundo dados de mercado citados pela Reuters.

Este desempenho ocorre num contexto de elevada incerteza económica e financeira, marcado por correcções nos mercados accionistas, ajustamentos nas expectativas de política monetária e um ambiente geopolítico cada vez mais fragmentado. Apesar da magnitude da subida, analistas e instituições financeiras internacionais defendem que o actual ciclo de valorização não se encontra esgotado.

Procura por Refúgio Num Ambiente de Volatilidade

A trajectória recente do ouro confirma o seu papel clássico enquanto activo de preservação de valor. Segundo leituras de mercado avançadas pela Bloomberg, a correcção nos títulos tecnológicos, em particular nos Estados Unidos, e a crescente reavaliação do risco associado às avaliações elevadas em sectores ligados à inteligência artificial reforçaram a procura por activos defensivos.

Em paralelo, a volatilidade cambial, as dúvidas em torno da sustentabilidade fiscal de algumas economias avançadas e o aumento da incerteza geopolítica — com destaque para a guerra na Ucrânia, as tensões comerciais e os desenvolvimentos no mercado energético global — criaram um ambiente propício ao reforço das posições em ouro por parte de investidores institucionais.

Bancos Centrais Ancoram o Ciclo de Valorização

Um dos factores estruturais mais relevantes no actual ciclo do ouro reside no comportamento dos bancos centrais. Pelo quinto ano consecutivo, várias autoridades monetárias têm vindo a diversificar as suas reservas, reduzindo a exposição a activos denominados em dólar e reforçando posições em metais preciosos.

Gregory Shearer, responsável pela estratégia de metais preciosos do JP Morgan, sublinhou que esta procura institucional cria um piso estrutural mais elevado para os preços, permitindo que o mercado mantenha níveis robustos mesmo após fases de correcção. De acordo com estimativas do banco, para que os preços se mantenham estáveis, seria necessária uma procura trimestral combinada — entre bancos centrais e investidores — de cerca de 350 toneladas métricas. Para 2026, o JP Morgan antecipa compras médias na ordem das 585 toneladas por trimestre.

Este comportamento contribui para uma alteração estrutural no equilíbrio do mercado, reduzindo a probabilidade de correcções profundas e prolongadas.

Perspectivas para 2026 Permanecem Construtivas

Apesar de se antecipar um eventual abrandamento do ritmo de valorização, várias instituições financeiras mantêm projecções optimistas para o médio prazo. Analistas do JP Morgan, do Bank of America e da consultora Metals Focus admitem que o ouro possa atingir níveis próximos de 5.000 dólares por onça ao longo de 2026.

Michael Widmer, estratega do Bank of America, refere que a procura continua a ser impulsionada por estratégias de diversificação de carteiras, expectativas de valorização adicional e preocupações em torno dos défices fiscais nos Estados Unidos, da trajectória do dólar e da política orçamental norte-americana. Já Philip Newman, director-geral da Metals Focus, acrescenta que o mercado permanece sensível a questões como a independência da Reserva Federal, disputas comerciais e riscos geopolíticos persistentes.

Prata, Platina e Paládio Acompanham Movimento, Com Dinâmicas Distintas

Para além do ouro, outros metais preciosos apresentam comportamentos diferenciados nos mercados internacionais. A prata mantém-se em níveis elevados, com variações diárias geralmente entre +0,3% e +1%, beneficiando tanto da procura por activos de refúgio como da sua forte componente industrial, nomeadamente nos sectores da energia e da electrónica.

A platina apresenta uma evolução mais contida, oscilando em torno da estabilidade ou com variações inferiores a 0,5%, reflectindo a procura ainda moderada do sector automóvel e expectativas cautelosas quanto à retoma industrial global. Já o paládio continua sob pressão relativa, com movimentos alternados entre quedas ligeiras e recuperações marginais, num contexto de ajustamentos estruturais na indústria automóvel e de substituição gradual por outros metais.

Cobertura Contra Risco Financeiro e Accionista

O reforço das posições em ouro surge igualmente como uma estratégia de cobertura face a potenciais correcções nos mercados accionistas. O Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) observou recentemente que a valorização simultânea do ouro e das acções constitui um fenómeno raro nas últimas cinco décadas, levantando interrogações sobre excessos de avaliação e a necessidade de protecção adicional por parte dos investidores.

Neste contexto, o ouro reassume um papel central na arquitectura financeira global, funcionando como amortecedor num ambiente caracterizado por elevada incerteza e reconfiguração das relações económicas internacionais.

Um Activo Estratégico Num Sistema Financeiro em Transição

Mais do que um movimento conjuntural, a actual valorização do ouro reflecte mudanças estruturais profundas no sistema financeiro internacional. A combinação entre fragmentação geopolítica, níveis elevados de endividamento público, ajustamentos na política monetária e maior prudência dos investidores sugere que o metal precioso deverá manter um papel relevante nas estratégias de alocação de capital.

Ainda que o ritmo de subida possa moderar em 2026, o consenso entre analistas aponta para a consolidação de um novo patamar estrutural para o ouro, reforçando o seu estatuto não apenas como commodity, mas como activo estratégico num mundo em transição.

Impactos Diferenciados para África

Para África, os efeitos da valorização do ouro são ambivalentes. Países produtores beneficiam de receitas de exportação mais elevadas, melhoria das contas externas e maior atractividade do sector mineiro. Já economias importadoras enfrentam pressões adicionais sobre a balança de pagamentos, sobretudo quando combinadas com um dólar forte.

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p style="margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial">Em ambos os casos, o comportamento do ouro funciona como um barómetro da percepção de risco global, com implicações indirectas sobre fluxos de capitais, taxas de câmbio e confiança dos investidores.

Fonte: O Económico

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