O ouro manteve-se esta quarta-feira, 24 de Setembro, próximo dos seus máximos históricos, sustentado pela combinação de expectativas de novos cortes nas taxas de juro nos Estados Unidos e pelo aumento da incerteza geopolítica, factores que reforçam a procura pelo metal precioso como activo de refúgio.
Às 06h09 GMT, o ouro à vista valorizava 0,3% para 3.776,29 dólares por onça, recuperando de uma queda intradiária que o levou a 3.750,49 dólares, após a realização de lucros decorrente da alta recorde de 3.790,82 dólares registada na terça-feira, 23 de Setembro. Já os futuros do ouro nos EUA para entrega em Dezembro recuaram 0,2%, fixando-se em 3.808 dólares.
Segundo Kyle Rodda, analista da Capital.com, o desempenho do ouro continua a ser “impulsionado em grande parte pelas expectativas da política monetária nos Estados Unidos, com alguma influência do risco político”. A retórica mais agressiva do presidente norte-americano, Donald Trump, relativamente à defesa da OTAN e ao conflito na Ucrânia foi interpretada como factor adicional de instabilidade.
Na terça-feira, 23 de Setembro, a OTAN advertiu a Rússia de que utilizaria «todas as ferramentas militares e não militares necessárias» para assegurar a sua defesa, enquanto Trump elevou o tom ao afirmar que a Ucrânia poderia recuperar a totalidade do território ocupado pela Rússia. Estas declarações intensificaram a percepção de risco, reforçando a procura por activos considerados seguros.
No plano monetário, o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, reiterou a necessidade de equilibrar os riscos de inflação persistente com o enfraquecimento do mercado laboral, mantendo viva a expectativa de cortes adicionais. O Goldman Sachs, numa nota de 23 de Setembro, projectou cortes de 25 pontos-base em Outubro e Dezembro, admitindo uma redução mais acentuada de 50 pontos-base caso o mercado de trabalho se deteriore além das previsões, seguidos de mais duas reduções em 2026 para uma taxa entre 3% e 3,25%.
O desempenho do ouro será igualmente influenciado pelos dados macroeconómicos dos EUA a divulgar-se esta semana, nomeadamente o relatório dos subsídios de desemprego (25/09) e o índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), indicador preferencial de inflação da Fed (26/09).
Além do ouro, outros metais preciosos também registaram ganhos: a prata à vista subiu 0,3% para 44,16 dólares por onça, a platina valorizou 0,3% para 1.482,78 dólares e o paládio avançou 1,3% para 1.235,34 dólares.
Fonte: O Económico