Resumo
O preço do ouro caiu devido ao otimismo em torno de um possível acordo comercial entre os EUA e a China, reduzindo a procura por ativos de refúgio. Apesar disso, o ouro mantém um ganho anual de 53%, impulsionado por taxas de juro mais baixas e aumento das reservas nos bancos centrais. O ouro ao contado desceu para US$ 3 974,66 por onça, com analistas acreditando que a Reserva Federal dos EUA anunciará um corte nas taxas de juro para estimular a economia. O BCE e o BoJ devem manter as taxas inalteradas, contribuindo para a manutenção dos preços do ouro acima das médias históricas, com máximos de US$ 4 381,21 por onça.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A Proximidade de um Acordo Entre Washington e Pequim Reduz a Procura por Activos Refúgio, Mas o Ouro Continua a Ser o Termómetro de Incerteza Global, Com Ganhos de 53% No Ano.
O preço do ouro registou nova queda esta terça-feira, 28 de Outubro de 2025, aproximando-se do valor mais baixo em três semanas, à medida que o optimismo em torno de um potencial acordo comercial entre os Estados Unidos e a China reduziu a procura por activos de refúgio. Ainda assim, o metal precioso mantém uma trajectória de valorização sustentada no acumulado do ano, impulsionada por taxas de juro mais baixas e pelo aumento das reservas de ouro nos bancos centrais.
Mercado Reage a Descongelamento Diplomático Entre EUA e China
O ouro ao contado desceu 0,2% para US$ 3 974,66 por onça, após ter atingido o nível mais baixo desde 10 de Outubro.
Segundo Tim Waterer, analista-chefe de mercado da KCM Trade, “o descongelamento das relações comerciais entre os Estados Unidos e a China retirou algum suporte ao preço do ouro, uma vez que a procura por activos de refúgio diminuiu”.
Durante o fim-de-semana, altos responsáveis económicos chineses e norte-americanos acordaram o esboço de um novo entendimento comercial, que deverá ser formalizado pelos Presidentes Donald Trump e Xi Jinping ainda esta semana.
A possibilidade de um acordo, aliada à recuperação das bolsas asiáticas, reduziu a aversão ao risco e impulsionou o apetite dos investidores por activos de maior rendimento.
Expectativas de Corte de Juros na Fed Mantêm o Ouro Atraente
Apesar do arrefecimento momentâneo, os analistas acreditam que o ouro continua a beneficiar do contexto monetário global. A Reserva Federal dos EUA (Fed) deverá anunciar um novo corte nas taxas de juro no final da sua reunião desta quarta-feira, numa tentativa de travar o abrandamento económico e a desaceleração do consumo interno.
“Se a Fed adoptar um tom mais dovish, isso poderá compensar o impacto negativo do optimismo comercial sobre o ouro”, afirmou Waterer, sublinhando que a correlação entre juros baixos e valorização do ouro permanece sólida.
O metal precioso tem, historicamente, uma relação inversa com as taxas de juro reais — quanto mais baixas, menor o custo de oportunidade de deter ouro.
Europa e Ásia Mantêm Política Monetária Estável
O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BoJ) deverão manter as taxas inalteradas esta semana, consolidando o cenário de liquidez elevada e de taxas de juro reais negativas em várias economias avançadas.
Esta conjuntura continua a dar suporte estrutural aos preços do ouro, que se mantêm muito acima das médias históricas, com máximos de US$ 4 381,21 por onça registados a 20 de Outubro — o valor mais alto de sempre.
A procura institucional, sobretudo de bancos centrais que procuram diversificar reservas, tem desempenhado um papel crítico na sustentação dos preços, ao mesmo tempo que a instabilidade geopolítica continua a alimentar a percepção de risco.
Ouro Ganha 53% No Ano e Consolida Estatuto de Barómetro Global de Incerteza
Mesmo com as correcções recentes, o ouro regista uma valorização anual de 53%, impulsionada por um ambiente global de incerteza e por expectativas de política monetária mais acomodatícia.
Segundo a Reuters, o preço médio do ouro em 2025 deverá situar-se acima de US$ 3 400/oz, podendo ultrapassar US$ 4 200/oz em 2026, caso se mantenham as tensões geopolíticas e a expansão das reservas de activos tangíveis por parte dos bancos centrais.
O ouro continua, assim, a desempenhar um papel fundamental como activo de cobertura contra inflação, risco cambial e instabilidade de mercado — consolidando-se como o principal “termómetro” da aversão global ao risco.
Repercussões para Mercados Emergentes e Moçambique
Para economias emergentes e países africanos, o comportamento do ouro reflecte directamente o estado da confiança dos investidores internacionais e as condições globais de liquidez.
Embora Moçambique não seja um grande produtor de ouro, o preço elevado deste metal influencia as perspectivas de investimento mineiro regional e pode servir como indicador do apetite por activos de matérias-primas, relevantes para o portefólio de exportações do país.
Economistas sublinham que o rali do ouro é também um sinal de alerta: revela a persistência de incertezas estruturais na economia mundial e exige prudência na gestão cambial e fiscal dos países em desenvolvimento.
Perspectiva: Um Mercado em Consolidação, Não em Euforia
Analistas consideram que o actual nível do ouro representa uma fase de consolidação após meses de forte valorização, mais do que o início de uma correcção prolongada.
O suporte técnico situa-se na faixa dos US$ 3 935–4 050 por onça, e a quebra abaixo desses níveis poderá indicar um movimento de curto prazo, mas não uma inversão de tendência.
A médio prazo, o ouro continuará a beneficiar de taxas de juro reais baixas, procura institucional elevada e incerteza geopolítica persistente — um tripé que sustenta o seu estatuto como activo essencial em tempos de transição económica global.
Fonte: O Económico






