Resumo
O preço do ouro recuou ligeiramente após atingir um novo recorde histórico acima dos 4.000 dólares por onça troy, refletindo uma correção técnica e realização de lucros. Apesar da queda de 0,4%, o ouro continua a ser o ativo mais valorizado de 2025, num contexto de incerteza económica e procura por ativos de refúgio. Analistas apontam que a queda é uma pausa técnica após semanas de forte valorização, motivada por tomadas de lucro e valorização do dólar. O ouro tem sido procurado por bancos centrais e fundos soberanos, impulsionado pelo alívio monetário, aumento da procura de refúgio e fragilidade dos mercados obrigacionistas. A expectativa é que o ouro se mantenha acima dos 4.000 dólares, com previsões de atingir os 4.200 dólares até ao final do ano, caso persistam as tensões geopolíticas e o dólar enfraqueça.
De acordo com a Reuters, o preço do ouro situava-se esta manhã em 4.020,99 dólares por onça, ligeiramente abaixo do recorde histórico registado na quarta-feira, quando o metal atingiu 4.059,05 dólares.
A APMEX, referência norte-americana para o mercado de metais preciosos, confirmava cotações spot em torno de 4.003 dólares por onça, sinalizando um mercado ainda firme apesar da correcção pontual.
Analistas do sector indicam que o movimento de queda é uma pausa técnica após semanas de forte valorização, motivada por tomadas de lucro e por uma ligeira valorização do dólar norte-americano, que tende a exercer pressão sobre os preços do ouro.
Apesar da correcção, o ouro continua a ser o activo mais robusto do ano, com uma valorização acumulada de cerca de 28 % em 2025, impulsionada pelo alívio monetário decorrente dos cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal dos EUA, pelo aumento da procura de refúgio face às tensões geopolíticas e à incerteza económica, e pela fragilidade dos mercados obrigacionistas, que levou investidores institucionais a realocar capital para metais preciosos.
Especialistas citados pela The Guardian e pela Reuters Power Up sublinham que o ambiente de desaceleração global e política monetária acomodatícia cria condições para que o ouro mantenha a trajectória de alta. O metal tem sido especialmente procurado por bancos centrais e fundos soberanos, que têm aumentado as suas reservas em resposta ao enfraquecimento do dólar e ao clima de incerteza financeira global.
A Conjuntura
Desde o início do segundo semestre, o ouro tem funcionado como barómetro de confiança económica e política. A intensificação dos riscos geopolíticos — desde o prolongamento da guerra na Ucrânia, as tensões entre os Estados Unidos e a China, até à instabilidade no Médio Oriente — levou investidores a privilegiar activos de segurança.
O corte de juros decidido pela Reserva Federal em Setembro, o primeiro em mais de um ano, reforçou a atractividade do metal, ao reduzir o custo de oportunidade de deter ouro em vez de activos remunerados.
Simultaneamente, a expectativa de uma estagnação prolongada nas economias avançadas e a incerteza sobre o ritmo de recuperação nos mercados emergentes continuam a sustentar a trajectória ascendente do preço.
“Os investidores vêem o ouro não apenas como cobertura contra inflação e incerteza, mas também como instrumento de preservação de valor num sistema monetário cada vez mais instável”, sintetizou um analista ouvido pela Reuters.
Perspectivas de curto prazo
Embora alguns analistas prevejam pequenas correcções técnicas nas próximas sessões, o consenso é que o ouro deve manter-se acima da barreira simbólica dos 4.000 dólares por onça, sustentado pela procura institucional e pela política monetária branda.
A EIA e a Fed de Nova Iorque estimam que, mesmo num cenário de estabilização económica, a trajectória de longo prazo continuará positiva, podendo o ouro alcançar 4.200 dólares até ao final do ano, caso persistam as tensões geopolíticas e o dólar volte a enfraquecer.
Fonte: O Económico