Resumo
O ouro valorizou pelo quarto mês consecutivo, atingindo o nível mais alto desde 14 de novembro, impulsionado pela expectativa de um corte de juros pela Reserva Federal em dezembro. A probabilidade desse corte aumentou para 85%, comparado com 50% há uma semana, de acordo com o CME FedWatch Tool. Uma falha técnica no CME Group interrompeu a negociação de futuros, aumentando a volatilidade nos mercados e levando a uma procura acelerada por ouro. A liquidez fragilizada resultou em movimentos de preço mais abruptos. As declarações de Mary Daly e Christopher Waller da Fed de São Francisco reforçaram a ideia de um iminente corte de juros. A pressão política também se fez sentir, com Kevin Hassett a ser considerado como possível sucessor de Jerome Powell.
Ouro Sustentado por Expectativas de Política Monetária
O metal precioso avançou 0,6% para US$ 4.182,83 por onça, o nível mais elevado desde 14 de Novembro, acumulando um ganho mensal de 3,9%. A subida está a ser alimentada pela forte aposta dos mercados numa viragem da política monetária norte-americana.
Segundo o CME FedWatch Tool, os investidores atribuem agora 85% de probabilidade a um corte de juros em Dezembro, contra 50% há apenas uma semana. A antecipação de um ambiente de taxas mais baixas favorece activos como o ouro, que não oferece rendimento, mas tende a beneficiar quando os juros recuam.
Falha no CME Group Mexe com a Liquidez Global
A sessão ficou igualmente marcada por um evento pouco comum: uma interrupção operacional no CME Group, que suspendeu a negociação de futuros de moedas, commodities, Treasuries e acções.
Nicholas Frappell, director global de mercados institucionais da ABC Refinery, descreveu o impacto imediato:
“O principal efeito foi o alargamento significativo dos spreads no mercado OTC, à medida que a liquidez dos futuros desapareceu.”
Com a liquidez fragilizada, os movimentos de preço tornaram-se mais abruptos, favorecendo a aceleração da procura por ouro num ambiente já condicionado pelas expectativas de política monetária.
Sinais da Fed Reforçam o Movimento
As declarações de Mary Daly, presidente da Fed de São Francisco, e de Christopher Waller, governador da instituição, reforçaram a interpretação de que a Fed está confortável com uma redução dos juros no curto prazo.
A pressão política também entrou em cena. Kevin Hassett, apontado como potencial sucessor de Jerome Powell caso Donald Trump avance com mudanças na liderança do banco central, declarou que “as taxas deveriam ser mais baixas”, uma afirmação que contribuiu para consolidar o sentimento dovish nos mercados.
Dólar Enfraquece e Impulsiona Metais Preciosos
O dólar norte-americano encaminhou-se para a sua pior semana desde Julho, tornando o ouro — cotado em dólares — mais atractivo para investidores que operam noutras moedas.
Este movimento não se limitou ao ouro. Outros metais preciosos também avançaram:
Tim Waterer, analista-chefe da KCM Trade, explicou a tendência:
“Os investidores estão a posicionar-se antecipando um ambiente de juros mais baixos, num contexto de liquidez reduzida que amplifica os movimentos do mercado.”
Uma Convergência de Factores Favorável ao Ouro
O desempenho do ouro neste final de mês resulta da conjugação de três factores: expectativa firme de cortes na política monetária, fragilidade do dólar e perturbações temporárias na liquidez dos mercados devido ao incidente no CME Group.
O metal regressa assim ao centro das atenções dos investidores internacionais, numa altura em que a combinação de incerteza, expectativa monetária e volatilidade técnica volta a impulsionar o tradicional activo de refúgio.
Fonte: O Económico
