Os preços do ouro atingiram um novo recorde histórico, ao ultrapassar os 3.800 dólares por onça nesta segunda-feira, impulsionados por expectativas crescentes de cortes nas taxas de juro pelo Federal Reserve e pelas preocupações com uma possível paralisação do governo dos Estados Unidos.
De acordo com a Reuters, o ouro à vista avançou 1,4%, para US$ 3.812,49/onça, depois de alcançar um máximo intradiário de US$ 3.819,59. Já os contratos futuros para Dezembro subiram 0,9%, para US$ 3.842,20. O movimento foi favorecido pela queda de 0,2% do índice do dólar, que tornou o metal mais acessível a investidores estrangeiros.
A valorização reflecte as expectativas do mercado de que o Fed reduza a taxa de referência em 25 pontos-base em Outubro, cenário ao qual os traders atribuem uma probabilidade de 90%, segundo a ferramenta CME FedWatch. Para Dezembro, as probabilidades situam-se em 65%.
Além da política monetária, o impasse político em Washington reforça a procura pelo metal precioso. O presidente norte-americano, Donald Trump, reúne-se hoje com líderes democratas e republicanos para tentar evitar uma paralisação governamental iminente. Sem acordo, o shutdown poderá começar já na quarta-feira.
“Com o Fed pronto para reduzir ainda mais as taxas nos próximos seis meses, deve haver mais espaço para subida do ouro, com meta de US$ 3.900/onça”, disse Giovanni Staunovo, analista do UBS.
No acumulado de 2025, o ouro já valorizou mais de 45%, beneficiando da combinação entre taxas mais baixas, incerteza geopolítica e procura por activos de refúgio. O SPDR Gold Trust, maior fundo cotado em bolsa lastreado em ouro, aumentou as suas participações em 0,89%, para 1.005,72 toneladas métricas.
Segundo o Deutsche Bank, a procura oficial e o apetite dos fundos ETF sustentam a alta do ouro, embora a procura por jóias e a oferta reciclada tenham limitado ganhos adicionais.
Noutros metais preciosos, a prata subiu 1,8% para US$ 46,84/onça, o maior nível em mais de 14 anos. A platina avançou 2,8% para US$ 1.612,30, patamar não visto em 12 anos, enquanto o paládio valorizou 0,5%, para US$ 1.276,94.
O analista independente Ross Norman destacou que tanto a prata como os metais do grupo da platina estão a reagir ao aumento da actividade industrial e à acumulação de inventários estratégicos, num contexto de incerteza persistente nas cadeias globais de abastecimento.
Fonte: O Económico