Países em desenvolvimento precisam de 2,7 biliões de dólares anuais até 2030 para cumprir os seus objectivos climáticos e ambientais – WRI

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A comunidade internacional definiu um novo e ambicioso objectivo de financiamento climático, conhecido como “New Collective Quantified Goal” (NCQG), comprometendo-se a mobilizar pelo menos 300 mil milhões de dólares anuais até 2035 para apoiar a transição energética e a adaptação climática nos países em desenvolvimento. No entanto, para atingir plenamente as necessidades climáticas globais, estima-se que seja necessário elevar esse valor para 1,3 biliões de dólares anuais, um montante que representaria um salto significativo no financiamento climático internacional.

O relatório do World Resources Institute (WRI) destaca que os 300 mil milhões de dólares representam o maior compromisso já assumido pelos países desenvolvidos no âmbito do financiamento climático global, mas alerta que essa quantia ainda é insuficiente para cobrir as necessidades reais dos países em desenvolvimento, que, segundo o Grupo de Peritos de Alto Nível em Financiamento Climático (IHLEG), precisarão de 2,7 biliões de dólares anuais até 2030 para cumprir os seus objetivos climáticos e ambientais.

África e a urgência do financiamento climático

Embora o NCQG seja um passo importante, o continente africano continua a ser um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas, mas recebe uma fatia desproporcionalmente pequena do financiamento climático global.

De acordo com o relatório, apenas 11,1% dos fundos climáticos globais em 2022 foram destinados a países de baixo rendimento, que incluem a maioria das nações africanas. Isto ocorre apesar de África ser responsável por menos de 4% das emissões globais de carbono, mas sofrer os impactos mais severos das alterações climáticas, incluindo secas prolongadas, inundações devastadoras e insegurança alimentar crescente.

Os especialistas alertam que, sem um aumento significativo nos investimentos, os países africanos continuarão a enfrentar dificuldades para financiar projectos de energia renovável, reflorestação e resiliência climática. O relatório aponta três desafios principais para África no acesso ao financiamento climático:

O relatório recomenda que o financiamento climático para África seja aumentado através de maior concessionalidade, ou seja, por meio de mais subvenções e empréstimos a juros reduzidos, para evitar o sobre-endividamento dos países africanos na busca por soluções climáticas.

Será possível atingir os 300 mil milhões?

O relatório analisa a viabilidade do cumprimento da meta mínima estabelecida e conclui que, apesar dos desafios políticos e económicos, o objetivo de 300 mil milhões é alcançável.

Em 2022, os países desenvolvidos já forneceram cerca de 116 mil milhões de dólares para acções climáticas em nações em desenvolvimento, superando a meta anterior de 100 mil milhões de dólares anuais. O relatório identifica três fontes principais de financiamento que podem contribuir para o aumento desse montante:

Contudo, para além dos 300 mil milhões, atingir os 1,3 biliões de dólares exigirá um esforço sem precedentes na mobilização de capital privado e na criação de novas fontes alternativas de financiamento climático.

De onde virá o dinheiro?

O relatório identifica as seguintes principais fontes de financiamento que devem contribuir para atingir os 300 mil milhões anuais:

Um passo em frente, mas ainda insuficiente

O NCQG representa um avanço significativo no compromisso global com o financiamento climático, mas os analistas alertam que os 300 mil milhões de dólares anuais são apenas um ponto de partida.

A concretização da mobilização de 1,3 biliões de dólares exigirá cooperação entre governos, setor privado e instituições multilaterais, bem como inovação financeira para criar novos mecanismos de captação de fundos.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A COP30, que será realizada no Brasil em 2025, e outras cimeiras internacionais, como o G20, serão cruciais para definir estratégias concretas para aumentar o financiamento climático e garantir que os países em desenvolvimento tenham os recursos necessários para enfrentar os desafios ambientais e promover um crescimento.

Fonte: O Económico

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