Parceria APME–ICRA Quer Posicionar PMEs Moçambicanas Com Ratings de Crédito e ESG

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A APME – Associação Moçambicana das Pequenas e Médias Empresas – e a ICRA Rating, agência internacional com presença nos mercados asiáticos e africanos, firmaram uma aliança estratégica inédita em Moçambique, que visa transformar o acesso ao financiamento empresarial. Através da introdução de classificações formais de crédito e ESG, a parceria quer posicionar as PMEs como actores económicos mais visíveis, credíveis e alinhados com as exigências do mercado financeiro moderno.

Classificação de Crédito: Um Novo Activo para as PMEs Moçambicanas

Num sistema económico onde a maioria das PMEs opera em condições informais ou sem histórico financeiro estruturado, a obtenção de financiamento continua a ser um dos maiores obstáculos ao crescimento. Esta realidade agrava-se pela ausência de instrumentos credíveis de avaliação de risco, que permitam aos bancos ou investidores medir com clareza o perfil financeiro das empresas.

É neste contexto que surge a parceria com a ICRA Rating, entidade reconhecida nos mercados internacionais, incluindo África, com experiência em rating de empresas em mercados emergentes. O novo sistema de classificação permitirá às empresas apresentarem o seu perfil de risco de forma estruturada, transparente e comparável, o que deverá reduzir o custo do financiamento, melhorar o poder negocial junto dos bancos e aumentar o apetite dos investidores privados.

“As classificações ajudam as empresas a construírem confiança junto de bancos e credores, facilitando o acesso a financiamento. É também um passo importante para a transparência e robustez do sistema financeiro nacional”, explicou Lucílio Mondlane, Vice-Presidente do Pelouro de Financiamento e Seguros da APME.

Ratings ESG: Posicionamento Competitivo e Acesso a Novos Mercados

A componente ESG (Ambiental, Social e de Governação) da iniciativa inscreve-se numa tendência cada vez mais dominante no financiamento internacional. Investidores institucionais, fundos de impacto e cadeias de fornecimento globais estão crescentemente orientados para empresas que demonstram boas práticas ambientais, responsabilidade social e governação corporativa sólida.

A introdução de ratings ESG representa uma inovação relevante no contexto moçambicano, podendo transformar-se numa vantagem competitiva para as empresas que procuram integrar cadeias de valor globais e captar investimento estrangeiro com requisitos sustentáveis.

“Queremos que estas classificações funcionem como um selo nacional de qualidade e reputação empresarial, ajudando a criar uma nova cultura de transparência, profissionalismo e planeamento financeiro”, defendeu Mondlane.

Processo de Avaliação e Disseminação Estratégica

O processo de avaliação foi desenhado para ser acessível, pragmático e adaptável a diferentes estágios de maturidade empresarial. As empresas interessadas deverão fornecer documentos de identificação (KYC), demonstrações financeiras auditadas dos últimos três anos e um plano de negócios coerente. A partir destes elementos, a ICRA atribuirá um rating que reflectirá a robustez financeira e o compromisso com boas práticas de gestão.

“É um processo tranquilo, desenhado para apoiar as PMEs em qualquer estágio de crescimento”, afirmou o responsável da APME.

A associação funcionará como facilitadora institucional, promovendo a iniciativa junto do seu universo de associados, mas também abrindo a classificação a empresas não filiadas, incluindo grandes empresas moçambicanas organizadas que pretendam reforçar a sua reputação e acesso a financiamento.

A primeira fase da implementação inclui uma série de webinars e acções de sensibilização a decorrer até finais de Junho, seguidos de sessões presenciais em Julho, com destaque para um evento de alto nível em Maputo, que reunirá stakeholders do sector financeiro, empresários, entidades de desenvolvimento e potenciais investidores.

Impacto Sistémico e Mudança de Paradigma Empresarial

A introdução de ratings formais e métricas ESG não se esgota no acesso ao crédito. A iniciativa tem o potencial de induzir uma transformação mais ampla no ecossistema empresarial moçambicano, ao impulsionar a profissionalização da gestão, o planeamento estratégico, a organização contabilística e o alinhamento com boas práticas internacionais.

A longo prazo, poderá contribuir para um mapeamento mais preciso da dinâmica empresarial nacional, permitindo identificar transições entre categorias empresariais – de micro para pequenas, médias e grandes – com dados fiáveis e comparáveis, reforçando a capacidade de análise e intervenção dos decisores públicos e privados.

“As PMEs precisam de se posicionar estrategicamente com ferramentas modernas. O mercado actual exige métricas e transparência para crescer com solidez”, concluiu Lucílio Mondlane.

Está em curso um plano estratégico para disseminar os serviços da ICRA com enfoque nos sectores prioritários da economia – agroindústria, transformação alimentar, logística, energia, tecnologias e serviços. A expectativa da APME é que, no espaço de um ano, um número significativo de PMEs esteja já posicionado com ratings reconhecidos, abrindo novas vias de financiamento e crescimento sustentável.

Fonte: O Económico

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