Extracção de órgãos humanos, exploração sexual, casamento, trabalho ou mendicidade forçada são algumas das finalidades do tráfico de seres humanos, cujas vítimas são, na sua maioria, pessoas em situação de vulnerabilidade.
Segundo explicou o ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Mateus Saize, muitas vezes, as vítimas são aliciadas por falsas promessas de emprego, no país ou no estrangeiro, por meio das redes sociais.
“Trata-se de um crime invisível, muitas cometido à sombra da impunidade e alimentado pela vulnerabilidade, pela pobreza, pelos conflitos e pela desigualdade e que destrói o tecido social de grande parte das famílias, semeando dor, trauma e frustração nas comunidades”, explicou.
Mateus Saize caracteriza o tráfico de pessoas como uma das formas mais cruéis e lucrativas do crime organizado no mundo, envolvendo o recrutamento, transporte, transferência e exploração de seres humanos, algumas vezes por meio da coerção ou abuso do poder.
Com isso, este crime organizado continua a preocupar o país, num contexto em que foram registados 37 casos de tráfico de pessoas só de Janeiro e Junho deste ano.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, 14 pessoas foram vítimas de tráfico interno e outras 23 de tráfico que extravasa as fronteiras nacionais.
“O combate ao tráfico de pessoas requer a consciencialização da sociedade para a formação de cidadãos capazes de identificar os sinais de aliciamento, de denunciar os criminosos e prestar apoio às vítimas ou sobreviventes deste crime”, explicou a Procuradora-Geral Adjunta, Amabelia Chuquela.
Para melhorar o combate ao tráfico de pessoas, o país juntou-se, por meio da assinatura de um certificado com as Nações Unidas, à campanha Coração Azul.
“O Coração Azul é um compromisso renovado que simboliza três mensagens poderosas: a solidariedade com as vítimas, a frieza dos traficantes e o compromisso firme das Nações Unidas e dos seus membros, em apoiar os estados nesta luta”, disse o representante da Agência das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodoc, António de Vivo.
Para a Procuradora-Geral Adjunta, Amabelia Chuquela, a campanha “Coração Azul” promovida pela Unodoc, constitui um símbolo internacional de luta contra o tráfico de pessoas, com o objectivo de aumentar a conscientização dos governos, para aprimorarem esforços de modo a fortalecer a prevenção, repressão, identificação, assistência e apoio às vítimas, bem como garantir a responsabilização criminal dos traficantes.
Esta quarta-feira, assinala-se o Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas. Dados da ONU apontam que África é o continente mais vulnerável a este crime.
Fonte: O País