Os preços do petróleo iniciaram a semana em queda, pressionados pela retoma das exportações do Curdistão iraquiano e pelas expectativas de novo aumento da produção da OPEP+ em Novembro. O recuo acontece após a valorização da semana anterior, alimentada pelas tensões na Rússia e no Médio Oriente.
Na manhã desta segunda-feira, os futuros do Brent caíram 0,6% para 69,70 dólares por barril, enquanto o WTI recuou 0,8% para 65,23 dólares. O movimento reflecte a conjugação de dois factores: a retoma dos fluxos de crude do Curdistão para a Turquia e a perspectiva de novo aumento da produção pela OPEP+.
Após mais de dois anos de interrupção, o crude começou a fluir no sábado através do oleoduto que liga o Curdistão ao porto turco de Ceyhan, no âmbito de um acordo entre Bagdade, o Governo Regional do Curdistão e as petrolíferas internacionais. Inicialmente, o volume deverá situar-se entre 180 mil e 190 mil barris por dia, mas poderá chegar a 230 mil barris/dia no mercado internacional.
Ao mesmo tempo, a OPEP+ prepara-se para aprovar um novo aumento de 137 mil barris/dia na reunião do próximo domingo. O cartel procura capitalizar o momento de preços elevados para recuperar quota de mercado, embora continue a produzir cerca de 500 mil barris/dia abaixo das metas fixadas, devido a limitações técnicas em vários membros.
Analistas da RBC Capital Markets alertam, contudo, que a narrativa de sobreoferta para o quarto trimestre de 2025 pode ser rapidamente revertida por factores geopolíticos. A guerra na Ucrânia já provocou interrupções significativas na produção russa, enquanto as novas sanções da ONU ao Irão aumentam o risco de retaliações que podem afectar os fluxos de petróleo.
Na semana passada, o Brent e o WTI registaram os maiores ganhos desde Junho, com uma valorização superior a 4%, impulsionados por ataques ucranianos a infra-estruturas energéticas russas que reduziram a capacidade de exportação de combustíveis do país.
O mercado encontra-se, assim, num ponto de inflexão delicado: de um lado, sinais de sobreoferta decorrentes do regresso do crude curdo e do aumento da produção da OPEP+; do outro, riscos geopolíticos crescentes que podem comprimir a oferta e reanimar os preços.
Fonte: O Económico