Os preços do petróleo estabilizaram esta quarta-feira, 1 de Outubro, após dois dias de quedas acentuadas, à medida que investidores avaliavam a possibilidade de a OPEP+ aumentar significativamente a produção em Novembro, ao mesmo tempo que novos dados económicos dos EUA e da Ásia reforçaram receios sobre a fragilidade da procura global.
Volatilidade recente
O Brent para entrega em Dezembro recuava ligeiramente 0,04 USD para 65,99 USD/barril às 10h37 GMT, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) caía 0,05 USD, para 62,32 USD/barril. Apesar da pausa, ambos os contratos já tinham acumulado perdas de mais de 4% no início da semana — a maior queda desde Agosto.
Segundo analistas da Rystad Energy, o mercado antecipava não só uma desaceleração da procura, mas também um ajuste na política de produção da OPEP+, que poderá decidir por um aumento de até 500.000 barris/dia (bpd) em Novembro, o triplo da expansão aprovada em Outubro.
Divergências na OPEP+
Embora fontes próximas às negociações confirmem a intenção saudita de recuperar quota de mercado com esse aumento de produção, a própria OPEP veio a público desmentir tais notícias, classificando-as de “enganosas” numa publicação na rede X. Esta contradição revela tensões internas no cartel, que precisa equilibrar interesses de países dependentes de preços altos com os de membros focados em quota de mercado.
Enfraquecimento da procura
No lado da procura, os sinais não são animadores. Nos EUA, os stocks de petróleo bruto caíram, mas os de gasolina e destilados subiram, indicando consumo mais fraco. Na Ásia, maior região consumidora mundial, dados industriais revelaram contracção na maioria das economias em Setembro, acentuando receios de abrandamento económico.
Giovanni Staunovo, analista do UBS, acrescenta que a produção recorde de petróleo nos EUA e a incerteza política derivada do shutdown do governo norte-americano criam um ambiente de risco que limita qualquer recuperação de preços.
Factores geopolíticos
Outro elemento de incerteza vem da Rússia: os ataques ucranianos têm afectado exportações e fornecimentos, um risco que, embora potencialmente sustentador para os preços, não foi suficiente para travar as quedas recentes.
O mercado petrolífero está num equilíbrio frágil, pressionado por uma procura em queda, pela política incerta da OPEP+ e pela turbulência económica e política nos EUA. Qualquer decisão no próximo encontro da OPEP+ poderá redefinir a trajectória do Brent e do WTI no curto prazo, mas os analistas alertam que, sem sinais mais firmes de recuperação da procura global, o espaço para ganhos sustentados permanece limitado.
Fonte: O Económico
