Petróleo estabiliza entre tensões comerciais e retoma do diálogo nuclear com o Irão

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Os preços do petróleo mantiveram-se estáveis no início desta semana, após perdas sucessivas motivadas pela escalada da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, pela expectativa de sobreoferta global e pela retoma inesperada da produção da OPEP+. As conversações de alto nível entre Washington e Teerão, entretanto, abriram uma nova frente diplomática que poderá aliviar pressões sobre o lado da oferta.

O Brent permaneceu abaixo dos 65 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) rondava os 62 dólares, reflectindo a persistente cautela dos investidores. A pausa anunciada pelo Presidente Donald Trump na imposição de tarifas sobre alguns produtos electrónicos trouxe um ligeiro alívio, mas a sua promessa de revelar “em breve” uma nova tarifa específica reacendeu a incerteza nos mercados.

Simultaneamente, os mercados observam com atenção o desfecho das negociações entre os Estados Unidos e o Irão, retomadas no último fim-de-semana em Omã. Foi o primeiro encontro de alto nível desde 2022, e ambas as partes concordaram em manter os contactos, sinalizando uma reabertura das discussões sobre o programa nuclear iraniano — o que poderá desbloquear parte da oferta actualmente limitada.

Produção em alta, procura fragilizada

O mercado do crude foi duramente afectado em Abril por receios de que o confronto comercial entre Washington e Pequim provoque uma recessão global, com impacto negativo sobre a procura energética. Esses temores foram reforçados por uma decisão inesperada da OPEP+, que acelerou o regresso ao mercado de volumes anteriormente suspensos.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Este cenário está a alimentar a ideia de que o mercado poderá enfrentar uma situação de oferta superior à procura durante o ano, o que tende a manter os preços pressionados em baixa. Segundo analistas do Goldman Sachs, liderados por Daan Struyven, é esperada uma sobrereacção de oferta de cerca de 800 mil barris por dia em 2025, com o preço médio do Brent estimado em 63 dólares no restante do ano.

Volatilidade nos mercados e sinais técnicos frágeis

As perdas do petróleo alinham-se com a tendência de correcção observada noutros mercados de matérias-primas e acções, na sequência da guerra comercial. De forma pouco usual, até o dólar e os títulos do Tesouro norte-americano — tradicionalmente considerados activos de refúgio — registaram perdas, num sinal de que os investidores estão a rever os fundamentos de segurança e previsibilidade do mercado americano.

A expectativa para os próximos dias recai sobre o relatório mensal da OPEP, que poderá fornecer pistas adicionais sobre a evolução da produção e do consumo global. A Agência Internacional de Energia (AIE) deverá divulgar, ainda esta semana, um primeiro retrato das projecções para 2026, com atenção renovada às transições energéticas e à geopolítica do Médio Oriente.

Expectativas ancoradas nas decisões políticas

Para Vandana Hari, fundadora da consultora Vanda Insights em Singapura, o futuro próximo do petróleo dependerá quase exclusivamente do discurso político adoptado por Donald Trump. “Vejo um potencial de subida muito limitado para o crude”, afirmou. “A questão agora é se o petróleo conseguirá manter o impulso positivo registado na última sessão de sexta-feira ou se voltará a estagnar.”

A imprevisibilidade do tom presidencial — ora conciliador, ora ameaçador — mantém os mercados em modo de espera, incapazes de traçar uma trajectória clara para os preços da energia num ambiente altamente volátil.

Fonte: O Económico

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