Os preços do petróleo iniciaram a semana em compasso de espera, movimentando-se num intervalo estreito, à medida que a intensificação dos ataques entre a Rússia e a Ucrânia pressiona a oferta, enquanto o aumento da produção norte-americana e as incertezas comerciais globais limitam as perspectivas de valorização.
Na sessão de segunda-feira, o Brent recuou 12 cêntimos (–0,18%) para 67,36 dólares por barril, enquanto o crude norte-americano WTI desvalorizou 13 cêntimos (–0,2%) para 63,88 dólares por barril. A negociação registou menor dinamismo devido ao feriado bancário nos Estados Unidos.
Apesar da pressão exercida pelos cortes na oferta russa, o mercado encontra resistência em recuperar ganhos mais consistentes devido ao aumento de produção por parte dos principais produtores. Dados da Administração de Informação de Energia dos EUA revelaram que a produção norte-americana alcançou em Junho um novo recorde de 13,58 milhões de barris por dia, mais 133 mil barris face ao mês anterior.
Ao mesmo tempo, os ataques aéreos intensificados entre Rússia e Ucrânia afectaram as exportações de crude russo. De acordo com a ANZ, citando dados de rastreamento de navios, os envios semanais dos portos russos caíram para 2,72 milhões de barris por dia, o nível mais baixo em quatro semanas. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu retaliar com novos ataques em território russo após as ofensivas contra infra-estruturas energéticas ucranianas.
No plano internacional, a pressão sobre a procura permanece elevada. A actividade industrial chinesa contraiu pelo quinto mês consecutivo em Agosto, sinal de que os produtores estão em compasso de espera perante a incerteza quanto ao acordo comercial com os Estados Unidos e a debilidade da procura doméstica.
Analistas consultados pela Reuters antecipam que os preços dificilmente terão ganhos significativos ainda este ano, com a reunião da OPEP+ marcada para 7 de Setembro a surgir como o próximo marco para orientação sobre a política de oferta.
Os investidores acompanham igualmente os sinais macroeconómicos dos EUA, em particular o relatório do mercado laboral desta semana, que servirá como teste à confiança sobre futuros cortes de taxas de juro pela Reserva Federal, factor que pode influenciar o apetite por activos de risco, incluindo as commodities energéticas.
Neste contexto, o mercado petrolífero inicia Setembro dividido entre riscos geopolíticos persistentes e a pressão de um aumento de produção que ameaça transformar o actual equilíbrio numa possível sobre-oferta.
Fonte: O Económico