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O mercado petrolífero reagiu com firmeza ao anúncio da OPEP+ de manter, em Julho, o mesmo ritmo de aumento de produção dos meses anteriores — uma subida de 411 mil barris por dia. A decisão veio como um alívio para os mercados, que temiam uma expansão mais agressiva da oferta. Em resposta, os preços do Brent e do WTI subiram mais de 2%, impulsionados também por receios quanto à oferta dos EUA e por dados de procura robustos.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+), reunida no sábado, decidiu prosseguir com a política gradual de aumento da produção em Julho, fixando a subida em 411.000 barris diários — o mesmo valor aplicado nos dois meses anteriores. Esta uniformidade na decisão gerou confiança nos mercados, evitando uma queda abrupta nos preços que poderia ter sido provocada por uma ampliação inesperada da oferta.
“Se tivessem optado por um aumento surpresa e mais elevado, a abertura dos mercados na segunda-feira teria sido muito feia”, comentou Harry Tchilinguirian, analista do Onyx Capital Group.
Os contratos de Brent subiram 2,13% para 64,12 dólares por barril, enquanto o WTI ganhou 2,5%, fechando a 62,31 dólares. Ambos recuperaram perdas acumuladas da semana anterior, que haviam ultrapassado 1%.
Segundo analistas do Commonwealth Bank of Australia, a decisão da OPEP+ teve como objectivo adicional penalizar membros que repetidamente ultrapassam as suas quotas, nomeadamente o Iraque e o Cazaquistão, este último tendo declarado recentemente que não pretende reduzir a sua produção.
Projecções e Dinâmica da Procura
O banco Goldman Sachs antecipa que o grupo deverá aprovar um aumento final de produção de 0,41 milhões de barris/dia em Agosto, citando fundamentos sólidos do mercado — incluindo a redução das reservas, a subida da actividade económica global e a sazonalidade favorável da procura de Verão.
“O cenário de procura não parece estar a abrandar de forma acentuada. Isso sustenta decisões futuras de aumento de produção”, lê-se na nota da Goldman Sachs.
Outro factor que reforça a tensão no lado da oferta é a contínua queda no número de plataformas activas nos Estados Unidos. De acordo com dados da Baker Hughes, o número de sondas operacionais caiu pela quinta semana consecutiva, totalizando agora 461 — o nível mais baixo desde Novembro de 2021.
Temporada de Furacões e Pressão Sobre Inventários
As preocupações logísticas com a aproximação da época de furacões nos EUA — potencialmente acima da média — adicionam um novo elemento de instabilidade. Os níveis reduzidos de inventários de combustíveis e o aumento da procura de gasolina para o arranque da temporada de condução nos EUA colocam pressão sobre os preços.
“Registámos uma subida de quase 1 milhão de barris por dia na procura implícita de gasolina — a terceira maior subida semanal dos últimos três anos”, destacaram analistas do ANZ.
A produção petrolífera norte-americana permanece em patamares historicamente elevados — 13,49 milhões de barris/dia em Março —, mas a retração na actividade de perfuração poderá significar uma inflexão em breve.
A decisão da OPEP+ de manter um crescimento controlado da produção petrolífera para Julho revela prudência estratégica num ambiente global volátil. A resposta positiva dos mercados mostra que o equilíbrio entre oferta e procura permanece frágil, com múltiplos factores — desde incumprimentos entre membros, até riscos climáticos e instabilidade geopolítica — a moldar a trajectória dos preços. Com a próxima reunião marcada para 6 de Julho, o sector petrolífero continuará sob vigilância apertada, especialmente à medida que o Verão no hemisfério norte eleva a procura global.
Fonte: O Económico