Os preços do petróleo recuaram esta quinta-feira, em sessão asiática, após a forte valorização da véspera que levou o Brent e o WTI a máximos de sete semanas. Analistas apontam a realização de lucros, a retoma iminente das exportações curdas e sinais de abrandamento da procura como factores centrais para a correcção, ainda que as tensões geopolíticas permaneçam como suporte aos preços.
O Brent desvalorizou 0,3%, para 69,12 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) recuou 0,3%, para 64,77 dólares. Ambos os referenciais tinham avançado 2,5% na quarta-feira, apoiados pela queda inesperada das reservas de crude nos Estados Unidos e pelas preocupações com potenciais perturbações na oferta russa devido a ataques ucranianos a infra-estruturas energéticas.
“Os preços do petróleo estão acima das nossas expectativas. É natural que haja realização de lucros nestes níveis e que se observe uma moderação, sobretudo à medida que entramos na estação de menor procura”, referiu Suvro Sarkar, responsável pela equipa de energia do DBS Bank.
A possibilidade de regresso do crude curdo ao mercado, após o acordo alcançado entre Bagdade, Erbil e oito companhias petrolíferas para retomar as exportações, reacendeu o receio de excesso de oferta. “O retorno das exportações curdas reforça a narrativa de sobreoferta, o que impulsiona a actual correcção”, comentou Priyanka Sachdeva, analista sénior da Phillip Nova.
Apesar da expectativa de maior abundância no mercado, analistas da Haitong Securities sublinharam que a ausência de pressões significativas entre oferta e procura nas últimas semanas tem contribuído para a resiliência dos preços.
Do lado da procura, os sinais de moderação começam a tornar-se evidentes. O J.P. Morgan destacou que o tráfego aéreo nos Estados Unidos em Setembro registou apenas um acréscimo anual de 0,2%, bastante abaixo dos 1% de crescimento observados nos dois meses anteriores. Paralelamente, a procura de gasolina também recuou, reflectindo a desaceleração nas tendências de mobilidade.
Num contexto em que a procura arrefece e a oferta promete reforçar-se, os analistas mantêm a leitura de que os factores geopolíticos — como a evolução da guerra na Ucrânia — serão determinantes para a trajectória dos preços do crude no curto prazo.
Fonte: O Económico






