Petróleo Recuado Face a Tarifas dos EUA e Aumento de Produção da OPEP+: Incerteza Paira Sobre Procura Global

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Os preços do petróleo abrandaram esta terça-feira, à medida que os investidores avaliam o impacto combinado do novo pacote tarifário dos Estados Unidos e da decisão da OPEP+ de elevar a produção em Agosto. Embora os indicadores actuais de procura permaneçam positivos, o mercado está cada vez mais cauteloso quanto à sustentabilidade dessa trajectória num contexto de incerteza económica global.

Depois de um forte impulso na sessão anterior — com aumentos na ordem dos 2% — os futuros do Brent recuaram 0,3%, para 69,36 dólares por barril, enquanto o WTI caiu 0,4%, situando-se nos 67,66 dólares por barril. Esta inflexão nos preços reflecte o nervosismo crescente dos mercados quanto à evolução do comércio global e do equilíbrio entre oferta e procura no sector energético.

O epicentro da instabilidade voltou a ser a política comercial dos Estados Unidos. Na segunda-feira, o Presidente Donald Trump notificou parceiros comerciais estratégicos, como Japão e Coreia do Sul, e exportadores de menor dimensão, como Sérvia, Tunísia e Tailândia, da entrada em vigor de tarifas agravadas a partir de 1 de Agosto. Ainda que tenha admitido alguma flexibilidade na data, a medida lançou incerteza nos mercados globais e colocou em dúvida a trajectória futura da procura de energia.

“Existe uma procura imediata saudável devido a factores sazonais. A dúvida está em saber se a procura futura conseguirá absorver a oferta acrescida da OPEP+”, analisou Emril Jamil, especialista sénior da LSEG Oil Research.

Decisão da OPEP+ e Impacto no Equilíbrio de Mercado

A decisão da OPEP+, tomada no sábado, de elevar a produção em 548 mil barris por dia a partir de Agosto, excede os aumentos mensais anteriores de 411 mil barris e aproxima-se do desmantelamento quase total dos cortes voluntários de 2,2 milhões de barris diários implementados anteriormente. Segundo fontes internas, o cartel prepara-se para aprovar novo aumento semelhante em Setembro, o que liquidaria os cortes remanescentes.

Contudo, analistas indicam que os aumentos reais de produção têm ficado aquém dos valores anunciados, com a Arábia Saudita a assumir o grosso do acréscimo de oferta.

Procura Ainda Robusta nos EUA e Índia

Apesar dos receios, os fundamentos de curto prazo mostram uma procura firme. Nos Estados Unidos — maior consumidor mundial de petróleo — estima-se que 72,2 milhões de americanos tenham viajado mais de 80 quilómetros durante o feriado do 4 de Julho, segundo a associação AAA. O posicionamento dos investidores também reflecte optimismo: os gestores de fundos aumentaram as suas posições líquidas longas em futuros de crude na semana encerrada a 1 de Julho.

Na Índia, terceiro maior consumidor de petróleo a nível global, os dados governamentais indicam um crescimento anual de 1,9% no consumo de combustíveis em Junho, outro sinal positivo para a sustentação dos preços.

O mercado petrolífero encontra-se, uma vez mais, numa encruzilhada: os sinais actuais de forte consumo contrastam com um horizonte marcado por incertezas geopolíticas e comerciais. As tarifas norte-americanas, o reequilíbrio da OPEP+ e a reacção das economias emergentes serão determinantes para a evolução da procura e para a trajectória dos preços nos meses que se seguem.

Fonte: O Económico

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