Resumo
Os preços do petróleo caíram após Israel e o Hamas anunciarem um plano para encerrar a guerra em Gaza, reduzindo o risco de guerra no Médio Oriente. O Brent fixou-se em 65,74 dólares por barril e o WTI em 62 dólares, com o mercado dividido entre oferta abundante e incertezas na procura global. O acordo de cessar-fogo entre EUA, Israel e Hamas diminuiu o "prémio de guerra" nas cotações, após sustentar os preços por mais de um ano. A produção de petróleo aumenta, com a OPEC+ e a Rússia a reforçarem a oferta global, enquanto a previsão de crescimento económico mundial é moderada, apontando para uma procura mais fraca. Os preços do Brent mantêm-se em torno de 65,80 dólares e do WTI entre 62 e 64 dólares, com oscilações moderadas nos mercados futuros.
A Reuters reporta que o Brent recuou 0,77%, fixando-se em 65,74 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) caiu 0,88%, para 62 dólares, reflectindo o abrandamento da tensão geopolítica após o anúncio do cessar-fogo em Gaza.
O acordo, confirmado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, estabelece a primeira fase de um plano de paz e troca de reféns, reduzindo significativamente o “prémio de guerra” que vinha a ser incorporado nas cotações desde 2024.
A guerra em Gaza tinha sustentado os preços por mais de um ano, à medida que os investidores avaliavam o risco de o conflito se expandir e afectar a produção e o transporte de crude no Golfo Pérsico. Com a trégua, a pressão especulativa diminui — mas os fundamentos de mercado continuam frágeis.
Segundo dados do TradingEconomics e Investing.com, o Brent mantém-se em torno de 65,80 dólares e o WTI entre 62 e 64 dólares, com variações intradiárias moderadas. Em mercados futuros, há alguma oscilação, mas a tendência geral é de estabilização provisória, reflexo de um ambiente em que a oferta elevada coexiste com procura incerta.
Os principais determinantes de preço no momento
Os preços do petróleo são moldados por um conjunto de factores interligados que, neste momento, actuam em direcções opostas. Do lado da oferta, o OPEC+ decidiu aumentar a produção de forma prudente — apenas 137 mil barris por dia em Novembro —, numa tentativa de evitar um novo cenário de saturação de mercado. A Rússia, por seu lado, tem vindo a expandir gradualmente a sua produção para cumprir as metas estabelecidas no seio do cartel, o que contribui para o reforço da oferta global.
Entre os produtores fora da OPEC, os Estados Unidos continuam a ser o factor mais relevante: a Energy Information Administration (EIA) reviu em alta a sua previsão de produção para 2025, projectando um recorde de 13,53 milhões de barris por dia, sinal de que o país consolida a sua posição como o maior produtor mundial.
Este aumento da produção ocorre num contexto em que se prevê acumulação de inventários, tanto nos EUA como a nível global, o que agrava o risco de excesso de oferta. Paralelamente, as previsões de crescimento económico mundial são cada vez mais moderadas. A Agência Internacional de Energia (IEA), o The Economic Times e a Capital Economics apontam para uma procura global mais débil, influenciada por tensões comerciais, pela fragmentação geopolítica e pelo abrandamento das economias emergentes, particularmente da China.
Do ponto de vista geopolítico, o cessar-fogo em Gaza aliviou o prémio de risco que vinha sustentando os preços, mas a vulnerabilidade persiste: ataques a infra-estruturas russas, instabilidade no Golfo ou novas sanções podem reverter rapidamente a tendência de baixa.
Outros factores de suporte incluem o aumento dos custos de produção, impulsionado pela valorização de matérias-primas industriais, como o tungsténio, essencial à perfuração de poços, e que tem encarecido as operações de extração nos Estados Unidos. Além disso, o sentimento dos investidores tem mudado de direcção: após meses de euforia, o mercado adoptou um tom mais “bearish”, antecipando um possível ciclo de super-oferta e uma queda progressiva dos preços.
Em síntese, o actual cenário é de balanço tenso entre uma produção crescente, um consumo hesitante e uma incerteza política que, embora momentaneamente mitigada, continua latente.
Perspectivas e riscos
As projecções da EIA indicam uma tendência descendente para 2026, com o Brent a poder situar-se entre 49 e 60 dólares por barril, à medida que os estoques aumentam e o crescimento global abranda.
Contudo, o mercado mantém-se extremamente sensível a choques de oferta — seja por cortes inesperados, sanções ou perturbações logísticas.
A transição energética em curso, aliada à expansão de fontes renováveis e ao aumento da eficiência energética, deverá continuar a moderar a procura estrutural por petróleo. Ainda assim, as economias emergentes da Ásia e de África manterão um papel determinante na trajectória de médio prazo do crude.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>No essencial, o mercado petrolífero de 2025 caracteriza-se por uma combinação de volatilidade contida, vulnerabilidade estrutural e incerteza persistente — em que cada avanço político ou económico pode redefinir, de um dia para o outro, o preço do barril.
Fonte: O Económico