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Os preços do petróleo recuaram ligeiramente nesta terça-feira, afectados pelas preocupações em torno da evolução da economia global e pela expectativa da decisão da Reserva Federal dos Estados Unidos sobre as taxas de juro. O cenário é ainda agravado pelas incertezas relativas à implementação do novo acordo comercial entre os EUA e a União Europeia.
O Brent cedia 6 cêntimos, ou 0,1%, para 69,98 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) recuava 11 cêntimos, ou 0,2%, para 66,60 dólares, às 04h25 GMT. Ambas as referências tinham encerrado a sessão anterior com ganhos superiores a 2%, tendo o Brent atingido o seu nível mais alto desde 18 de Julho.
Segundo analistas da ANZ, embora o pacto comercial tenha evitado uma guerra tarifária de grandes proporções entre as duas maiores economias ocidentais, a imposição de uma tarifa de 15% sobre a maioria dos produtos europeus poderá travar o crescimento económico da Zona Euro, ainda que não se preveja uma recessão.
Compromissos Energéticos Irrealistas
O acordo inclui ainda compromissos ambiciosos: 750 mil milhões de dólares em compras de energia dos EUA pela UE e 600 mil milhões em investimentos europeus na economia norte-americana durante o segundo mandato do Presidente Donald Trump. No entanto, analistas consideram estas metas imprecisas e de difícil concretização, o que contribui para a incerteza nos mercados energéticos.
Reuniões EUA-China e Riscos Geopolíticos
Entretanto, negociações entre altos responsáveis económicos dos EUA e da China decorreram esta semana em Estocolmo, visando resolver disputas comerciais duradouras. O desfecho dessas conversações poderá influenciar decisivamente o sentimento do mercado, sobretudo no que respeita à procura global por energia.
A instabilidade geopolítica também não dá tréguas: Trump estabeleceu um novo prazo de 10 a 12 dias para que a Rússia demonstre avanços no fim da guerra na Ucrânia, sob pena de novas sanções – tanto à Rússia como aos seus clientes internacionais.
Expectativas em Torno da Fed
O mercado aguarda agora a reunião do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC), nos dias 29 e 30 de Julho. Embora se espere que a Fed mantenha inalteradas as taxas de juro, analistas admitem que o banco central poderá sinalizar uma orientação mais dovish, face a sinais de abrandamento da inflação.
“Apesar do momento técnico ainda favorecer uma subida no curto prazo, o mercado permanece vulnerável à volatilidade induzida por decisões inesperadas dos bancos centrais ou colapsos nas negociações comerciais”, alertou Priyanka Sachdeva, analista sénior da corretora Phillip Nova.
Com os receios de desaceleração económica a pairar e a incerteza sobre futuros cortes de taxas por parte da Fed, os ganhos no mercado petrolífero permanecem limitados, concluem os analistas.
Fonte: O Económico