Petróleo regista primeira queda mensal desde Novembro: incerteza económica pesa sobre os mercados

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O mercado global de petróleo enfrenta um cenário de instabilidade, com os preços a caminho da primeira queda mensal desde Novembro de 2024. A retracção nos preços ocorre num contexto de desaceleração económica global, incerteza comercial provocada pelo aumento das tarifas dos Estados Unidos e indefinições sobre a estratégia da OPEP+.  

Os contratos futuros do Brent para maio recuaram 0,4%, fixando-se em 73,26 dólares por barril, enquanto os do West Texas Intermediate (WTI) caíram para 70,04 dólares por barril, também com uma perda de 0,4%. Já o Brent de Abril, que expira ainda nesta sexta-feira, 28/02, desvalorizou-se 0,5%, sendo cotado a 73,69 dólares por barril. Ambos os principais índices de referência do petróleo estão a caminho da primeira desvalorização mensal nos últimos três meses, refletindo um conjunto de fatores que têm pesado sobre o apetite dos investidores.  

A incerteza económica nos Estados Unidos tem sido um dos principais factores de pressão. Os últimos dados mostram um aumento inesperado nos pedidos de subsídio de desemprego, ao mesmo tempo que o crescimento do PIB no quarto trimestre de 2024 foi revisto em baixa, levantando preocupações sobre a força da recuperação económica do país. A situação foi agravada pelo anúncio do ex-presidente Donald Trump de que, a partir de 4 de Março, entrarão em vigor novas tarifas de 25% sobre produtos mexicanos e canadenses, além de uma taxa adicional de 10% sobre importações chinesas. Estas medidas aumentam a incerteza sobre a evolução da procura global por combustíveis, especialmente num momento em que vários mercados já demonstram sinais de enfraquecimento da atividade industrial.  

No sector energético, a administração Trump adicionou mais um factor de volatilidade ao revogar a licença concedida à petrolífera Chevron para operar na Venezuela. Com essa decisão, a estatal venezuelana PDVSA poderá ser forçada a redireccionar a sua produção para outros mercados, alterando os fluxos tradicionais de exportação de petróleo. Fontes próximas das negociações sugerem que um novo acordo pode ser estabelecido entre a Chevron e o Governo venezuelano, permitindo que o petróleo do país sul-americano seja comercializado em destinos alternativos fora dos Estados Unidos.  

O cenário torna-se ainda mais complexo com as discussões dentro da OPEP+ sobre a possibilidade de um aumento na produção em abril. A decisão, que antes parecia encaminhada para uma expansão da oferta, tornou-se incerta à luz das novas sanções norte-americanas sobre Venezuela, Irão e Rússia. Com dificuldades em prever o comportamento da oferta e da procura, os membros da OPEP+ estão agora divididos entre manter a produção nos níveis atuais ou avançar com o aumento previamente programado.  

Apesar da pressão negativa sobre os preços, o petróleo registou uma valorização de mais de 2% na quinta-feira, impulsionado pelos receios de cortes no fornecimento devido às sanções impostas pelos EUA. Para o analista de mercado da IG, Tony Sycamore, embora os fatores negativos continuem a dominar o cenário, os preços do WTI ainda encontram suporte técnico entre 65 e 70 dólares por barril, o que pode limitar uma queda mais acentuada.  

O mercado de energia segue atento às próximas decisões da OPEP+ e à evolução da política energética dos Estados Unidos, que podem redefinir a dinâmica da oferta e da procura global. Caso o crescimento económico continue a perder força e as barreiras comerciais aumentem, o petróleo poderá enfrentar novos períodos de volatilidade e incerteza nos preços nos próximos meses.

Fonte: O Económico

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