PMEs Enfrentam Desafios e Buscam Estratégias para a Retoma Económica

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A Associação das Pequenas e Médias Empresas de Moçambique (APME) realizou recentemente a sua Sexta Sessão Ordinária, um encontro marcado pelo debate sobre os desafios que o sector enfrenta e as estratégias para a sua revitalização. No centro da discussão estiveram temas como os impactos das manifestações violentas, a necessidade de industrialização e o acesso a financiamento, questões fundamentais para a recuperação económica das PMEs no país.

O Papel das PMEs na Economia e os Desafios Actuais

As pequenas e médias empresas representam cerca de 98% do tecido empresarial moçambicano e empregam aproximadamente 46% da força laboral do país. Contudo, apesar da sua importância para a economia, o sector enfrenta grandes desafios estruturais, agravados pelos recentes episódios de instabilidade e vandalismo que afectaram empresas em várias províncias.

O Presidente da Mesa da Assembleia da APME, Inocêncio Paulino, destacou que muitas empresas foram severamente prejudicadas pelas manifestações violentas, o que levou ao encerramento de negócios e à perda de postos de trabalho. Paulino alertou para a necessidade de um diálogo nacional, sublinhando que o vandalismo prejudica tanto o sector privado como a economia do País.

“Precisamos de pacificar o nosso País e repudiar os actos de destruição de bens privados e públicos”, afirmou Paulino, sublinhando que a estabilidade económica depende de um ambiente seguro para os negócios.

Industrialização e Transformação da Matéria-Prima

Outro ponto central da sessão foi a necessidade de uma transição do sector comercial para a industrialização. Actualmente, mais de metade das PMEs operam no comércio, concentrando-se em actividades de importação e venda de produtos acabados. No entanto, a APME defende que o futuro do sector passa pela transformação da matéria-prima local e pelo desenvolvimento de cadeias produtivas internas.

“O processo de industrialização deve começar pelas pequenas iniciativas”, afirmou Paulino, destacando que o país possui recursos abundantes, como madeira e minerais, que poderiam ser processados internamente para agregar valor e gerar mais empregos.

Acesso ao Crédito: Uma Solução ou um Obstáculo?

A recuperação do sector empresarial também passa pelo acesso a financiamento, mas os representantes das PMEs expressaram preocupações sobre as dificuldades de obtenção de crédito. O governo anunciou recentemente três novas linhas de financiamento para apoiar as empresas, sendo uma delas destinada exclusivamente às PMEs.

No entanto, há cepticismo sobre a real acessibilidade desses fundos. O empresário Ângelo Macassa, da empresa Tsename, que actua no sector de abastecimento de água, destacou que muitas empresas afectadas pelo vandalismo perderam infra-estruturas e não possuem garantias reais para aceder ao financiamento bancário.

“Se temos os nossos sistemas destruídos e as receitas abaixo do esperado, seremos mesmo elegíveis para estes fundos?” questionou Macassa. O empresário alertou ainda para a necessidade de um modelo de financiamento mais flexível, que leve em consideração a realidade das empresas afectadas pela crise.

Impacto do Vandalismo no Sector Empresarial

O impacto da instabilidade recente foi severo em várias áreas de actividade. Dados preliminares indicam que o sector do comércio e serviços foi o mais afectado, sendo o distrito de Marracuene um dos mais atingidos. Empresas de abastecimento de água, por exemplo, sofreram invasões e vandalismo, comprometendo o fornecimento a milhares de famílias.

Segundo Macassa, cerca de 9 mil famílias estão em risco de ficar sem abastecimento de água na província de Inhambane, devido à destruição de infra-estruturas essenciais. A falta de segurança levou a empresa a ceder temporariamente o controlo de alguns sistemas de distribuição, numa tentativa de evitar novos ataques e manter um abastecimento mínimo à população.

A situação também tem um impacto directo no emprego. No sector da água, entre 30 e 40 trabalhadores podem perder os seus postos de trabalho, caso as operações não sejam restabelecidas. Além disso, a pressão sobre as empresas para manter salários e impostos em dia, mesmo com receitas reduzidas, agrava ainda mais a crise financeira do sector.

Um Chamado à Acção para a Recuperação Económica

A Sexta Sessão Ordinária da APME reforçou a necessidade de um esforço conjunto entre o sector privado e o Governo para garantir a recuperação das PMEs. Entre as principais prioridades estão:

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>“Precisamos de um Moçambique estável, um Moçambique de progresso”, concluiu Paulino, apelando para que todas as partes envolvidas se comprometam com soluções que promovam o crescimento sustentável do sector empresarial moçambicano.

Fonte: O Económico

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