Português encanta na Dinamarca: Serginho é fã de Ronaldinho e rei das assistências

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Na Liga dinamarquesa, a 16.ª do ranking da UEFA, não há ninguém com mais assistências do que Serginho Andrade. E de longe – o extremo soma dez em 16 jogos, mais quatro do que os segundos classificados nesta matéria. Como se não bastasse, originou outros três golos na Taça da Dinamarca. Registos muito interessantes para um jogador que passou algo despercebido em Portugal. Na antecâmara de dois duelos entre as seleções de Portugal e da Dinamarca, o Maisfutebol quis conhecer melhor este jogador.

Com a camisola sete nas costas, encostado à linha lateral no corredor direito, Serginho Andrade tem sido uma ameaça constante para os adversários do Viborg. Cumpre a segunda temporada no clube na primeira vez em que emigrou. Natural de Lisboa, Serginho tem dupla nacionalidade portuguesa e cabo-verdiana, tendo sido chamado à seleção dos «Tubarões» em 2023 mas aguarda ainda a primeira internacionalização.

Fundado já em 1896, o Viborg FF representa a cidade com o mesmo nome, com uma população de cerca de 40 mil habitantes. Rivais do Midtjylland, os verdes nunca foram campeões nacionais da Dinamarca. O seu maior feito foi alcançado em 2000, com a vitória na Taça do país. Agora procuram assegurar a tranquilidade na primeira divisão, após vários anos a subir e a descer. É a casa de Serginho Andrade desde o verão de 2023.

«Foi uma adaptação bem tranquila. Tanto o clube como os adeptos receberam-me bem. Mesmo na altura não sabendo falar bem inglês foi rápido aprender, porque todos no clube falam essa língua e ajudaram-me», conta em entrevista ao Maisfutebol o extremo de 24 anos. «O que me impressionou mais foi o facto de o inglês ser a língua comum usada no clube. Nas palestras, nos treinos e nos jogos falamos em inglês, o que facilita quem vem de fora», conta Serginho. 12 jogadores, praticamente metade do plantel, são estrangeiros.

Admitindo que a gastronomia «é muito diferente» da portuguesa, o extremo diz que essa tem sido a parte mais difícil da adaptação. De resto, após uma primeira temporada em 2023/24 com números mais modestos, Serginho tem merecido cada vez mais a confiança do treinador Jakob Poulsen (ex-internacional dinamarquês que jogou no Mónaco ou Midtjylland), sendo o sexto com mais minutos de utilização, com uma lesão pelo meio.

«Esta é uma boa Liga. É de certa forma competitiva e tem equipas de qualidade, que competem para chegar às competições europeias. É um campeonato com uma boa visibilidade para campeonatos superiores, há sempre jogadores a sair para as principais Ligas, acaba por ser um bom passo para os jogadores portugueses», diz Serginho Andrade. Não é o único português na competição – Franculino Djú, Dani Silva e Pedro Ganchas dão cartas naquele país.

«Os dinamarqueses falam bem da qualidade dos jogadores portugueses, das equipas portuguesas e da sua maneira de jogar, especialmente as principais equipas do futebol português. Quem foi a Portugal diz sempre que gostou do país, especialmente do clima e das principais cidades», acrescenta Serginho. Há um nome inevitável: «Das primeiras coisas que falam é sobre Cristiano Ronaldo», admite.

Mas é o número sete do Viborg que tem encantado os adeptos do clube. Com um estilo de jogo criativo, altamente técnico e imprevisível, Serginho capta a atenção dos adeptos no estádio e até das estatísticas (algo que nem sempre anda de mãos dadas).

Segundo os dados do Sofascore, é até à 22.ª jornada o segundo melhor jogador do campeonato (nota média de 7,63 por jogo), o jogador com mais grandes chances criadas (12), passes decisivos por partida (2.5) e quarto com mais dribles efetuados por partida (2.1). Quando lhe perguntamos se o seu estilo de jogo inspira-se em alguém, Serginho nomeia um jogador que calha em rima.

«Não gosto de me comparar a outros jogadores porque fizeram a sua história e eu quero fazer a minha. Mas tenho Ronaldinho como referência desde criança», admite. «Jogo assim desde criança. Este é o futebol que aprendemos nas ruas, sempre gostei de jogar de um modo alegre e confiante», completa.

Serginho Andrade elege como momento mais marcante o golo conseguido em casa, diante do rival Midtjylland, em setembro de 2023. Tinha chegado há pouco tempo ao clube, mas partiu da direita para o meio com confiança, fazendo uma tabelinha e tirando dois adversários do caminho com uma finta. «Foi o golo mais bonito até agora», diz.

Antes do destaque na Dinamarca houve todo um trajeto em Portugal com passagens em grandes clubes, mas marcado por altos e baixos. Começou a formação no Belenenses, em seguida Sacavenense e, em 2015, com 14 anos, muda-se para a formação do Benfica. «Era um sonho que a minha família tinha, por serem benfiquistas, e aconteceu», recorda. Sem grande destaque nas águias, voltaria uma época e meia ao Belenenses em idade de júnior.

Após uma boa prestação no campeonato nacional, regressa ao Benfica em 2019/20 para integrar a equipa sub-23 que disputava a Liga Revelação, dirigida por Jorge Maciel e depois por Luís Castro. Voltaria a sair na época seguinte, agora para o Estoril. Por lá, foi aposta de Vasco Botelho da Costa na mítica equipa sub-23 dos «Canarinhos» que venceu duas dobradinhas de forma consecutiva.

«Aprendi e evolui muito no Estoril sub-23, como jogador e como pessoa. Sou grato ao treinador Vasco Botelho da Costa pelo que fez por mim», garante. Na segunda temporada, em 2021/22, era titular indiscutível e acabou como segundo melhor marcador da equipa, atrás apenas de Gilson Benchimol, que viria a ser considerado o melhor jogador dessa época.

As boas prestações na formação levaram-no a ter algumas chances na equipa principal na primeira metade de 2022/23. Enquanto suplente, pôde estrear-se na Liga portuguesa pela mão de Nélson Veríssimo, em agosto de 2022. Somou a primeira titularidade em outubro diante do Sp. Braga e marcou o único golo na Liga… diante do Benfica, clube que tinha representado. Já com a derrota anunciada, por 5-0 em casa, Serginho reduziu nos descontos de pé esquerdo e conteve-se nos festejos. «O golo contra o Benfica foi uma sensação especial, algo que procurava também», admite.

⚽ GOLO

Serginho 91′

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Com o Estoril mergulhado numa crise de resultados e Serginho a precisar de minutos, o extremo acabou emprestado à Oliveirense, da II Liga. Uma competição nova para o atleta, na altura, com 22 anos acabados de fazer. Meia temporada foi o suficiente para mostrar o seu valor em Oliveira de Azeméis. Titular indiscutível, foi considerado o melhor jogador jovem da II Liga em fevereiro e contribuiu com dois golos e três assistências para a permanência da equipa naquela divisão. 

Um dos golos valeu-lhe mesmo um prémio – foi considerado o melhor da temporada 2022/23, numa jogada que deixaria Ronaldinho Gaúcho orgulhoso. 

«Costumo dizer que o empréstimo à Oliveirense foi a melhor coisa que me aconteceu. Foi onde me deram oportunidade de mostrar o meu jogo, de ser eu dentro de campo, onde me ajudaram a crescer como jogador valorizando as minhas qualidades e como homem também. Sou grato à Oliveirense por tudo o que fizeram por mim e sou mais um a apoiar, mesmo já não estando lá. Sou grato ao treinador Fábio Pereira, pois apostou em mim e acreditou no meu futebol, especialmente na fase em que estava antes de chegar ao clube», assegura o extremo.

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Em Portugal ficaram pessoas com quem mantém contacto regular. «Há amizades que ficam para a vida, mesmo seguindo caminhos diferentes.» Não é essa a sina de um emigrante? Serginho Andrade é mais um e certamente não vai perder o próximo Dinamarca-Portugal, pelas 19h45 desta quinta-feira.

Fonte: CNN Portugal

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