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A Agência Internacional de Energia (IEA) prevê que o crescimento da procura mundial de gás natural deverá recuperar em 2026, após um abrandamento significativo em 2025. O motor dessa recuperação será o maior aumento de capacidade de exportação de GNL dos últimos sete anos, com novos projectos a entrarem em operação nos Estados Unidos, Canadá e Qatar.
Segundo o mais recente Gas Market Report – Q3 2025, publicado pela Agência Internacional de Energia (IEA), a procura global por gás natural deverá crescer apenas 1,3% em 2025, após uma expansão de 2,8% em 2024. Este abrandamento reflecte um contexto marcado por restrições de oferta, preços elevados e elevada incerteza macroeconómica, que afectaram particularmente os mercados sensíveis ao preço, como a Ásia.
Contudo, em 2026, a IEA antecipa uma nova trajectória de aceleração, com a procura global a crescer cerca de 2%, impulsionada por um acréscimo de 40 mil milhões de metros cúbicos (bcm) na oferta global de GNL, representando um crescimento de 7%, o mais elevado desde 2019.
“A vaga de novos projectos de GNL que se avizinha poderá aliviar a pressão sobre os mercados e impulsionar a procura, sobretudo na Ásia”, sublinhou Keisuke Sadamori, Director dos Mercados de Energia da IEA.
Este crescimento será liderado por novas unidades de liquefacção em EUA, Canadá e Qatar, países que estão a reposicionar-se como pilares da segurança energética global, à medida que a Europa procura consolidar a sua independência face ao gás russo.
De acordo com os dados do relatório, no primeiro semestre de 2025, o consumo europeu de gás aumentou 6,5% face ao mesmo período do ano anterior, sobretudo devido à menor produção de energia eólica e hidroeléctrica, que reforçou a dependência do gás para geração eléctrica.
Em contrapartida, China registou uma queda de 1% na procura, com as importações de GNL a afundarem mais de 20%, afectadas pela concorrência europeia por cargas spot e pela fraca recuperação económica. Índia também apresentou recuos.
A IEA alerta que esta tendência de desaceleração nos mercados asiáticos poderá ser revertida em 2026, caso os preços se tornem mais competitivos e a oferta seja estabilizada.
O relatório dedica ainda uma secção especial ao Médio Oriente, destacando o impacto das tensões entre Israel e Irão sobre a volatilidade dos preços, reforçando o papel geopolítico da região na segurança do abastecimento global.
Perspectivas e Riscos
Apesar da expectativa de alívio na oferta e expansão da procura em 2026, a IEA sublinha que o cenário permanece altamente incerto, condicionado por riscos geopolíticos, evolução macroeconómica global e alterações no mix energético das principais economias consumidoras.
O mercado de gás natural entra, assim, numa fase crítica de ajustamento estrutural, onde os novos projectos de GNL e a capacidade de absorção da Ásia emergente serão determinantes para a próxima década.
Após desaceleração este ano, crescimento da procura será impulsionado pelo maior aumento de oferta desde 2019, com destaque para os projectos nos EUA, Canadá e Qatar
Fonte: O Económico