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Thursday, December 11, 2025
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Quando o livro não chega, a aprendizagem atrasa

Resumo

A distribuição de livros escolares em Nampula, Moçambique, revelou uma falha grave, com apenas cerca de 60% dos livros previstos para o ano letivo a chegarem às escolas da província. Esta situação expõe a incapacidade do sistema de ensino moçambicano em fornecer de forma atempada e equitativa os principais instrumentos de aprendizagem aos alunos. A falta de manuais compromete o rendimento dos alunos, limita a ação dos professores e acentua as desigualdades, com algumas famílias a conseguirem soluções alternativas, enquanto a maioria depende exclusivamente da escola. Este problema recorrente revela debilidades no planeamento, logística e comunicação na administração educativa, colocando em causa a credibilidade das políticas públicas do setor. É essencial garantir que cada aluno tenha acesso ao seu manual desde o início do ano letivo, evitando assim prejuízos no processo de ensino e aprendizagem.

Por: Gelva Aníbal

A falha na distribuição de livros escolares em Nampula, revelada a 10 de Novembro de 2025, volta a expor uma fragilidade recorrente no sistema de ensino moçambicano, a incapacidade de garantir, de forma atempada e equitativa, o principal instrumento de aprendizagem aos alunos.

Segundo os dados divulgados, apenas cerca de 60% dos livros previstos para o ano lectivo chegaram às escolas da província. O número, por si só, é suficiente para medir a dimensão do problema. Milhares de alunos iniciaram e decorreram grande parte do ano sem acesso regular ao manual escolar, num contexto em que o livro continua a ser o suporte central do processo de ensino e aprendizagem.

A falta do manual compromete o rendimento do aluno, limita a acção do professor e acentua as desigualdades. Enquanto algumas famílias conseguem recorrer a fotocópias ou a explicações pagas, a maioria depende exclusivamente da escola. Assim, a ausência do livro transforma-se rapidamente numa barreira ao acesso ao conhecimento.

O problema não é novo, mas repete-se com regularidade preocupante. A recorrência revela debilidades no planeamento, na logística e na comunicação entre os diferentes níveis da administração educativa. Quando o material chega tarde, a escola adapta-se, o professor improvisa e o aluno acumula lacunas que dificilmente serão recuperadas no mesmo ano lectivo.

A ausência de livros questiona a credibilidade das políticas públicas do sector. O Estado assume o compromisso de garantir a gratuitidade do ensino básico, mas esse compromisso fica fragilizado quando os instrumentos essenciais não acompanham o calendário escolar.

A distribuição de livros não pode continuar sujeita a atrasos administrativos, constrangimentos financeiros recorrentes ou falhas de transporte. Trata-se de um compromisso estrutural do sector da educação, pois o custo da não distribuição é pago directamente pelos alunos, sobretudo os mais vulneráveis.

Garantir que cada aluno tenha o seu manual desde o início do ano lectivo é uma medida simples, concreta e de impacto imediato. Não é uma ambição distante, é uma necessidade básica que define a seriedade do investimento público na educação.

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