Queda nos preços do petróleo reflecte enfraquecimento da procura global e perturbações no abastecimento

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Os preços do petróleo voltaram a cair esta terça-feira, 10/09, com a fraca procura chinesa a compensar as interrupções no fornecimento dos Estados Unidos, provocadas pela tempestade tropical Francine. O mercado global de petróleo continua sob pressão, devido a um excesso de oferta e a uma procura global em declínio, nomeadamente por parte da China, a segunda maior economia do mundo e o maior importador de petróleo.

Os futuros do petróleo Brent caíram 0,45%, situando-se em 71,51 dólares por barril, enquanto os futuros do West Texas Intermediate (WTI) registaram uma queda de 0,55%, descendo para 68,33 dólares por barril. Esta queda segue-se a uma ligeira recuperação de cerca de 1% registada na sessão anterior, mas o mercado petrolífero mantém-se fragilizado.

Nos Estados Unidos, a tempestade tropical Francine forçou o encerramento de várias operações petrolíferas no Golfo do México. Empresas como a ExxonMobil, Shell e Chevron interromperam temporariamente as suas actividades em plataformas offshore, afectando a produção de até 125.000 barris por dia (bpd). A tempestade, que ameaça evoluir para um furacão de categoria 2, obrigou a evacuação de várias instalações e o encerramento de portos importantes, como Brownsville, no Texas. No entanto, apesar destas perturbações no fornecimento, a procura global enfraquecida continua a dominar a direcção do mercado.

Procura fraca da China: Principal factor de pressão

Os dados mais recentes da China apontam para uma recuperação económica mais lenta do que o esperado, com a inflação ao consumidor a acelerar em Agosto, mas a deflação dos preços no produtor a agravar-se. As importações de petróleo do País continuam a cair, reflectindo uma procura interna frágil, que não dá sinais de recuperação robusta. Em termos anuais, as importações de petróleo bruto da China caíram mais de 3%.

Este enfraquecimento da procura chinesa tem gerado incerteza no mercado global, uma vez que a China desempenha um papel crucial na absorção da oferta mundial de petróleo. Para muitos analistas, os recentes dados comerciais da China apenas reforçam as preocupações sobre a sua capacidade de sustentar a procura nos próximos meses, à medida que as tensões comerciais e a recuperação económica global permanecem voláteis.

Apesar das interrupções no fornecimento devido à tempestade Francine, as preocupações com o excesso de oferta global persistem. Os executivos da Gunvor e da Trafigura, dois dos maiores operadores de matérias-primas do mundo, estimam que o preço do Brent pode cair para valores entre os 60 e os 70 dólares por barril, à medida que o excesso de oferta e a fraca procura continuem a pesar sobre o mercado. Esta previsão foi reforçada durante a Conferência Petrolífera da Ásia-Pacífico (APPEC), realizada em Singapura, onde os oradores expressaram cautela relativamente às perspectivas futuras do mercado petrolífero.

Os mercados estarão ainda atentos ao próximo relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que fornecerá uma visão mais clara das tendências globais de oferta e procura. Nos Estados Unidos, a Administração de Informação de Energia (EIA) deverá também publicar previsões sobre a produção de petróleo bruto e as perspectivas para o mercado global.

Portanto, o mercado global de petróleo enfrenta um cenário complexo, com a queda da procura chinesa a compensar parcialmente as interrupções de fornecimento nos Estados Unidos. A combinação de uma procura global frágil, especialmente da China, e de um excesso de oferta contínuo sugere que os preços do petróleo poderão permanecer sob pressão nas próximas semanas. Embora os efeitos da tempestade Francine sejam temporários, o enfraquecimento económico da China e as dinâmicas globais de oferta e procura continuarão a definir o rumo do mercado petrolífero a médio prazo.

Fonte: O Económico

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