Ramaphosa Usa Elon Musk Para Reatar Relações com os EUA e Salvar Acesso Comercial

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O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, pretende usar as empresas de Elon Musk como ponte para reatar relações com os Estados Unidos, num momento em que a tensão diplomática com a Administração Trump ameaça o acesso preferencial de produtos sul-africanos ao mercado norte-americano. A estratégia passa por propostas comerciais envolvendo a Tesla e a Starlink.

Durante a visita oficial a Washington agendada para esta semana, Ramaphosa pretende apresentar a Donald Trump propostas de cooperação económica que envolvem directamente o empresário Elon Musk, sul-africano de nascimento e actualmente um dos mais próximos conselheiros do Presidente norte-americano.

Segundo Vincent Magwenya, porta-voz de Ramaphosa, uma das ideias em avaliação será a concessão de tarifas favoráveis à Tesla, para facilitar a entrada dos seus produtos no mercado sul-africano, em troca do compromisso da empresa em instalar estações de carregamento de veículos eléctricos no país. “Poderá ser um dos pontos em discussão”, afirmou Magwenya.

Outro ponto crucial será o licenciamento da Starlink, empresa de internet via satélite pertencente a Musk, cuja entrada no mercado sul-africano tem sido limitada por questões legais e regulatórias. O assunto será debatido em reunião com Trump, confirmou o porta-voz presidencial. A Starlink ainda não solicitou uma licença formal ao regulador sul-africano, segundo declaração oficial.

A tensão recente entre os dois países foi agravada após Trump cortar, em Fevereiro, fundos destinados à África do Sul e conceder, posteriormente, o estatuto de refugiado a um grupo de cidadãos brancos sul-africanos que alegam estar a ser perseguidos racialmente — uma narrativa rejeitada pelo Governo de Pretória.

Além das questões tecnológicas, a visita tem uma dimensão claramente agrícola. O Ministro da Agricultura, John Steenhuisen, que integra a comitiva presidencial, afirmou que a manutenção do acesso isento de taxas ao mercado norte-americano, garantido pelo AGOA (African Growth and Opportunity Act), é vital para a sobrevivência de milhares de agricultores e trabalhadores do campo. “Perder esses benefícios seria desastroso para os agricultores, os trabalhadores agrícolas e a economia em geral”, alertou Steenhuisen.

Contexto Político e Económico

A ofensiva diplomática de Ramaphosa surge num contexto de políticas proteccionistas renovadas nos EUA, onde Trump tem endurecido tarifas sobre produtos estrangeiros e adotado uma linha dura nas suas relações comerciais. Pretória teme que a África do Sul possa ser retirada do AGOA, caso a relação bilateral continue a deteriorar-se.

Elon Musk tornou-se uma peça-chave nessa diplomacia económica. Contudo, as suas alegações públicas de que a Starlink foi impedida de operar na África do Sul por não ser detido por uma pessoa negra — numa crítica implícita às regras de empoderamento económico negro (BEE) — foram publicamente desmentidas pelas autoridades sul-africanas.

Apesar das tensões, Ramaphosa aposta numa abordagem pragmática, articulando interesses empresariais com incentivos diplomáticos para assegurar o relançamento das relações com Washington e salvaguardar sectores estratégicos como a agricultura, energia e inovação tecnológica.

Fonte: O Económico

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