Resumo
Os preços do petróleo recuaram devido à normalização dos carregamentos no porto russo do Mar Negro, Novorossiysk, após um ataque ucraniano. O Brent desceu para 63,95 dólares por barril, revertendo os ganhos anteriores. A retoma dos carregamentos reduziu o prémio de risco associado à oferta russa. A preocupação persiste devido aos ataques da Ucrânia contra infraestruturas energéticas russas, como as refinarias de Ryazan e Novokuibyshevsk. A incerteza domina o mercado, que avalia se os ataques terão impacto duradouro nas exportações russas. Analistas destacam a busca por ganhos após o movimento ascendente de sexta-feira. Toshitaka Tazawa, da Fujitomi Securities, refere que os investidores estão atentos à possibilidade de perturbações contínuas ou temporárias nas exportações russas de petróleo.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Os preços voltaram a recuar após a normalização dos carregamentos no principal porto russo do Mar Negro, apesar da crescente tensão militar entre Ucrânia, Rússia e Irão.
O mercado petrolífero iniciou a semana em queda, com o Brent a descer para 63,95 dólares por barril, depois de o porto russo de Novorossiysk ter retomado os carregamentos suspensos por dois dias devido a um ataque ucraniano. A normalização desta infra-estrutura crítica reduziu rapidamente o prémio de risco e anulou os ganhos acumulados na semana anterior.
A cotação do Brent recuou 0,68% para 63,95 dólares por barril e o WTI desceu 0,8% para 59,61 dólares, revertendo o impulso observado no final da semana passada. Os dois referenciais tinham subido mais de 2% na sexta-feira, após a suspensão das exportações no porto de Novorossiysk e na instalação adjacente do Consórcio do Pipeline do Cáspio — um choque temporário equivalente a cerca de 2% da oferta global.
A informação de que o porto voltou a operar no domingo, confirmada por fontes industriais e dados da LSEG, levou os investidores a reajustar posições, reduzindo o prémio associado ao risco de descontinuidade na oferta russa. Ainda assim, permanece elevada a preocupação com os ataques sucessivos da Ucrânia contra a infra-estrutura energética de Moscovo. No fim-de-semana, Kiev atingiu as refinarias de Ryazan e de Novokuibyshevsk, intensificando a instabilidade nas cadeias logísticas russas.
A incerteza domina o sentimento dos investidores. Analistas notam que o mercado procura avaliar se estes ataques poderão provocar perturbações persistentes nas exportações russas ou se o impacto será, como até aqui, temporário. Segundo Toshitaka Tazawa, da Fujitomi Securities, os participantes estão igualmente a realizar ganhos depois do movimento ascendente de sexta-feira, enquanto a percepção de excesso de oferta continua a enquadrar as expectativas de médio prazo.
A pressão adicional vem da esfera política internacional, com os Estados Unidos a endurecer as sanções. Depois de anunciar novas restrições que proíbem transacções com a Lukoil e a Rosneft, Donald Trump afirmou que os republicanos preparam legislação para sancionar países que mantenham relações comerciais com Moscovo, adiantando que o Irão poderá ser incluído na lista de visados. Esta retórica aumenta a incerteza geopolítica e alimenta a volatilidade, mas não tem sido suficiente para inverter a tendência descendente das cotações.
No lado da oferta, a OPEP+ voltou a aumentar as metas de produção para Dezembro em 137.000 barris por dia, mantendo a estratégia aplicada nos dois meses anteriores. Paralelamente, o cartel acordou uma pausa nos aumentos no primeiro trimestre de 2026. A leitura dominante é de que o mercado continuará a operar num excedente significativo — uma conclusão reforçada pela análise da ING, que prevê superávit até 2026.
Apesar deste cenário, os dados mais recentes mostram que os especuladores aumentaram a sua exposição líquida comprada no ICE Brent para 164.867 lotes, impulsionados maioritariamente por operações de cobertura de posições vendidas. Esta dinâmica sugere prudência dos investidores em assumir posições curtas agressivas num momento marcado pelo risco de interrupções adicionais de oferta, quer devido à guerra na Ucrânia, quer à crescente tensão no Golfo, depois de o Irão ter apreendido um navio no Estreito de Ormuz — corredor estratégico por onde circulam cerca de 20 milhões de barris por dia.
O mercado regressa, assim, a uma zona frágil, em que a volatilidade geopolítica se cruza com um ambiente estrutural de oferta abundante. Para já, o ajuste técnico prevaleceu sobre o risco, mas os factores de instabilidade mantêm-se profundos e, segundo os analistas, poderão reacender movimentos bruscos nas próximas sessões.
Fonte: O Económico






