Resumo
O Ministro da Planificação e Desenvolvimento de Moçambique defende a transformação de riscos ambientais em motores de crescimento sustentável, durante a 1.ª Conferência Nacional sobre Financiamento Climático. Salim Valá destaca o financiamento climático como investimento estratégico para impulsionar o crescimento e garantir estabilidade fiscal, promovendo a transição verde como oportunidade para criar empregos, estimular a inovação e diversificar a economia nacional. Aprovada a Estratégia Nacional de Financiamento Climático (2025–2034), que integra a política climática na estratégia económica e orçamental do Estado, visando transformar limitações fiscais em progresso sustentável. Moçambique enfrentou mais de 75 eventos climáticos extremos entre 2000 e 2023, com perdas económicas superiores a 4,5 mil milhões de dólares, necessitando de mobilizar 37,2 mil milhões de dólares até 2030 para atingir resiliência climática plena.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O Ministro da Planificação e Desenvolvimento apela a uma abordagem prática e estruturada para converter riscos ambientais em motores de crescimento sustentável.
Moçambique deu, esta terça-feira, um passo decisivo na institucionalização da agenda de financiamento climático, com a realização da 1.ª Conferência Nacional sobre Financiamento Climático, promovida pelo Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD).
O evento, que decorre nos dias 15 e 16 de Outubro, visa consolidar um diálogo nacional inclusivo sobre mecanismos de financiamento verde, mercados de carbono e inovação financeira para acelerar a transição climática e económica do país.
Financiamento Climático: De Passivo Fiscal a Activo Económico
Na abertura do encontro, o Ministro Salim Valá defendeu que o financiamento climático não deve ser visto como uma despesa, mas sim como um investimento estratégico que pode impulsionar o crescimento e garantir estabilidade fiscal.
“Precisamos mudar o paradigma. O financiamento climático não é uma despesa — é um investimento no futuro, na sustentabilidade e na prosperidade de Moçambique”, afirmou o Ministro.
Valá destacou que a transição verde é também uma oportunidade para criar empregos, estimular a inovação e diversificar a economia nacional, reduzindo a dependência de sectores vulneráveis aos choques externos.
“Cada seca, cada ciclone, cada inundação recorda-nos que o tempo da acção é agora. O que está em causa é o futuro da nossa economia e o bem-estar das próximas gerações.”
Estratégia Nacional Define Nova Arquitectura de Financiamento
O Ministro anunciou a aprovação da Estratégia Nacional de Financiamento Climático (2025–2034), que articula as prioridades da Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE 2025–2044) e do Programa Quinquenal do Governo (PQG 2025–2029).
O documento estabelece uma nova arquitectura de financiamento climático, assente em quatro pilares:
“Queremos transformar limitações fiscais em oportunidades de progresso sustentável”, destacou Valá, defendendo a integração da política climática na estratégia económica e orçamental do Estado.
Riscos Climáticos Custam Caro à Economia Nacional
Entre 2000 e 2023, Moçambique enfrentou mais de 75 eventos climáticos extremos, com perdas económicas superiores a 4,5 mil milhões de dólares.
Segundo o Banco Mundial, o país precisa de mobilizar 37,2 mil milhões de dólares até 2030 para atingir resiliência climática plena.
“Estes números não representam apenas estatísticas — representam comunidades, famílias e sectores produtivos inteiros”, observou o Ministro.
Valá frisou que o financiamento climático deve ser encarado como ferramenta de mitigação macroeconómica, com potencial para reduzir a vulnerabilidade fiscal e aumentar a capacidade de resposta do Estado perante desastres naturais.
Soluções Financeiras Inovadoras Ganham Espaço
O Ministro apresentou casos práticos de inovação financeira em curso no país e na região, apontando-os como referências para uma economia verde mais competitiva.
Entre os exemplos destacados:
“O financiamento climático não é apenas possível — é rentável. Gera emprego, atrai investimento e reforça a soberania económica do país”, afirmou Valá.
Moçambique Quer Ser Referência Regional em Finanças Verdes
Para o Ministro, a Estratégia Nacional de Financiamento Climático é mais do que um plano técnico — é uma declaração de ambição política e económica, que posiciona Moçambique como líder regional na agenda de finanças verdes.
“Temos o talento, o conhecimento e a vontade política para liderar. O desafio é transformar compromissos em resultados concretos.”
Com o apoio da Enabel (cooperação belga) e do FCDO (Reino Unido), a conferência simboliza uma nova fase da diplomacia económica verde, consolidando Moçambique como actor relevante no debate internacional sobre sustentabilidade e investimento climático.
Da Estratégia à Acção: O Desafio da Implementação
Encerrando o seu discurso, Salim Valá reforçou que o sucesso da agenda climática dependerá da coordenação entre governo, sector privado e sociedade civil, com foco em resultados tangíveis e impacto real na economia.
“O que nos é exigido hoje é visão, coragem e disciplina. Não podemos esperar pelo futuro — o futuro está a acontecer agora.”
O Ministro sublinhou que o financiamento climático é simultaneamente uma resposta e uma oportunidade, capaz de mudar o modelo económico de Moçambique, tornando-o mais competitivo, resiliente e inclusivo.
Fonte: O Económico