*Nuno Martins Neves
Benfica passa nos Açores, com serviços mínimos e golo do reforço Bruma. Lage procedeu a uma revolução no onze, mas acabou por ser bem sucedido diante da surpresa do campeonato. Expulsão de Sidney condicionou reação dos insulares de Vasco Matos
As equipas não se deixaram afetar pelo frio e vento que se fez sentir em São Miguel e rubricaram uma primeira parte bem interessante e rasgadinha q.b., com oportunidades de golo de parte a parte nos primeiros minutos, antes de um baixar de ritmo na ponta final. Sinal mais para os encarnados de Bruno Lage, que assumiram desde o apito inicial os ritmos de jogo.
Com seis novidades no onze – com destaque para os reforços de inverno Dahl, Bruma e Belotti – o Benfica surgiu intenso e decidido no último terço, apostado do ataque organizado. Do lado do Santa Clara, Vasco Matos montou a equipa para ser o mais agressivo possível no contragolpe.
E foi assim que o primeiro quarto de hora foi vivido a todo o gás. Vinicius, aos 4 minutos, só não marcou porque Trubin saiu corajosamente aos seus pés, com o guardião ucraniano a voltar a mostrar os seus atributos aos 16, desta vez a negar um remate com selo de golo de Ricardinho, após contra-ataque conduzido por Gabriel Silva e que nasceu de um choque entre Carreras e Otamendi no meio-campo.
Do outro lado, alguma intranquilidade dos elementos mais recuados do Santa Clara abriram flanco para o Benfica criar perigo: primeiro, um mau alívio após livre deixou a bola à mercê de Belotti, que após ver Gabriel Batista negar-lhe o golo com uma mancha, falha a recarga, com a baliza deserta (11′); depois foi Dahl que nem queria acreditar na dádiva de Lucas Soares (não saltou a um cruzamento) e na meia esquerda da grande área acabou por não decidir da melhor forma (14′).
Os lances deixaram água na boca aos adeptos das duas equipas que encheram o estádio de São Miguel (melhor lotação da época), mas a última meia hora da primeira parte foi vivida a outro ritmo, bem mais baixo. Tanto assim foi que só nos descontos se viveu alguma emoção, com António Ferro a cabecear à trave, após um ‘canto curto’ na direita, onde Gabriel Batista vacilou na saída dos postes.
Lage, que regressou ao banco já com a segunda parte em andamento, não perdeu tempo a mexer na equipa, deixando Florentino nos balneários e lançando Kokçu. O turco não precisou de muito tempo para deixar a sua marca no jogo, ao assistir Bruma no golo que viria a decidir os três pontos. Na fotografia do lance, a defesa açoriana não fica muito bem, dando a sensação de pouca agressividade.
O golo, tão madrugador na segunda parte, jogou a favor do Benfica, que apesar de manter a posse de bola, apresentou-se muito mais conservador, obrigando os açorianos a subir as linhas. Mais habituado a jogar no contragolpe, o Santa Clara sentiu dificuldades em criar perigo. Exceção feita a uma perda de bola infantil de Leandro aos 59 – desperdiçada por Diogo Calila, que perdeu tempo a procurar o pé direito – os açorianos não estavam a conseguir desatar a teia em que o Benfica os enredou.
Encarnados que, diga-se, pouco fizeram para procurar o golo da tranquilidade, nem mesmo quando Sidney deixou o Santa Clara reduzido a dez, após carregar Pavlidis pelas costas, aos 76.
Foi preciso uma bola parada, aos 81 minutos, para a equipa de Vasco Matos colocar em sentido o Benfica, mas o pontapé de ressaca de Venâncio foi forte, mas ao lado. Dois minutos volvidos, Trubin teve a sorte do seu lado: Gabriel Silva serpenteia na esquerda e ganha a linha, com o ucraniano a cortar o cruzamento com o pé. O esférico desviou em Otamendi e milagrosamente acaba nas mãos do guardião encarnado.
Vitória justa do Benfica, que reduz para um ponto a diferença para o líder Sporting, pressionando os campeões nacionais antes da receção ao Arouca.
Fonte: Mais Futebol